ATA DA CENTÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 10.11.1997.

 


Aos dez dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Dib, José Valdir, Lauro Hagemann, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Motta, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria do Rosário, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Nonagésima Oitava Sessão Ordinária e da Vigésima Nona Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Garcia, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Cláudio Sebenelo, o Pedido de Informações nº 178/97 (Processo nº 3346/97); pelo Vereador Eliseu Sabino, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Gerson Almeida, a Emenda nº 27 ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/97 (Processo nº 1153/97); pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Pedro Ruas, o Projeto de Lei do Legislativo nº 189/97 (Processo nº 3250/97); pela Vereadora Tereza Franco, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 492, 495, 496/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 178/97, do Senhor Zalmir Chwartzmann, Presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado/RS - SINDUSCON; 267/97, da Senhora Nelcinda Aguirre da Silva, Presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente em Porto Alegre - CMDCA; 340/97, do Senhor Algemir Brunetto, Presidente do Instituto do Câncer Infantil/RS; 1413, 1419 e 1434, do Senhor Renato da Costa Figueira, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Rio Grande do Sul; 1821/97, do Senhor Raul Jungmann, Ministro de Estado Extraordinário de Política Fundiária; 2413/97, do Senhor Cézar Schirmer, Secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento do Rio Grande do Sul; 3002/97, do Senhor João Carlos Lazarini, do Gabinete da Casa Civil do Estado do Paraná; s/nº, do Senhor Sérgio Bottini, Presidente da Sociedade de Engenharia/RS; s/nº, da Senhora Thereza Press Cauduro, Presidenta do Templo de Umbanda Filhos do Sol; s/nº, da Central de Movimentos Populares - CMP/RS; s/nº, da Senhora Wrana Maria Panizzi, Reitora da  Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS; s/nº, do Senhor Cláudio José Allgayer, <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Presidente da Comissão Organizadora do 1º Congresso Conesul de Negócios e Gestão em Saúde e da 2ª Feira Mercosul de Equipamentos, Produtos e Serviços de Saúde - SUL SAÚDE 97; Convites: da SB Design, para o lançamento do CD-ROM "Porto Alegre um século em fotografia"; do Centro de Estudos Marxistas/RS, para o lançamento do livro "Luz e Sombras"; da COPESUL, para o lançamento do livro "A Cabeça de Gumercindo Saraiva"; da Editora Rocco, Livraria do Globo e Fundação Perseu Abramo, para o lançamento do livro "Vale a Pena Sonhar"; da Artes e Ofícios Editora, Café dos Cataventos e autores, para o lançamento do livro "Porto da Cidadania"; do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC/RS, e Rede Brasil Sul - RBS, para o evento de apresentação da oitava edição do projeto "Com a Palavra, o Consumidor - A Força das Marcas"; do Major Brigadeiro-do-Ar Carlos Oscar Cruz Ferreira, do Quinto Comando Aéreo Regional, para a solenidade em comemoração ao Dia do Aviador; do Senhor João Luiz Stein Steinbach, Coordenador da Secretaria de Política Sindical, do Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul, para a abertura do V Congresso Estadual dos Professores de Escolas Particulares; do Instituto Cultural Judaico Marc Chagall e Martins Livreiro Editor, para o lançamento da obra "Imigração Judaica no Rio Grande do Sul"; da Comissão Organizadora do Congresso Nacional Afro-Brasileiro/RS, para a posse da nova Diretoria; da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da Empresa Portoalegrense de Turismo S.A. - EPATUR e PROMARKET, para o lançamento da 6ª Festa das Nações; da União Brasileira de Trovadores/Porto Alegre, para a Sessão Solene de entrega de prêmios dos XIV Jogos Florais de Porto Alegre; da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da Coordenação de Defesa Civil, para a posse dos integrantes do Conselho de Órgãos Governamentais - Municipal, da Comissão Municipal de Defesa Civil; da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da Fundação de Educação Social e Comunitária, e do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, para o encerramento da II Conferência Municipal das Crianças e Adolescentes de Porto Alegre; da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da Secretaria da Cultura e da Federação de Coros do Rio Grande do Sul, para os concertos classificatórios do 18º Festival Internacional de Coros e para o concerto premiativo; do Conselho dos Serviços Jurídicos das Instituições Federais de Ensino Brasileiras - COSJUB e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, para a Sessão Solene de abertura do XXI Congresso Nacional do COSJUB; Cartões: do Deputado Federal Adylson Motta; da Senhora Janice Mayer Machado, Secretária-Geral do Governo do Estado do Rio Grande do Sul; do Senhor Ricardo Russowsky, Presidente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul - BANRISUL; da Senhora Iara Sílvia Lucas Wortmann, Secretária de Estado da Educação/RS; Telegramas: do Senhor Antônio Britto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul; da Senhora  Júlia  Mercedes  Cury  Figueiredo, Presidenta do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região; da Senhora Elisa Verinha Romak Alves, Presidenta da Instituição Educacional São Judas Tadeu; da Senhora Ana Maria Marques Freitas.<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm> Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 52 e 190/97; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 155, 188 e 191/97, os Projetos de Lei do Executivo nºs 50 e 51/97, este discutido pelos Vereadores João Dib, Gerson Almeida, Adeli Sell e Reginaldo Pujol; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 07, 178, 184 e 185/97, os dois últimos discutidos pelo Vereador José Valdir; em 4ª Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 03/97. A seguir, o Senhor Presidente registrou o comparecimento, nos termos do Requerimento nº 206/97, de autoria do Vereador Cláudio Sebenelo, do Senhor José Luiz Vianna Moraes, Secretário Municipal de Produção, Indústria e Comércio de Porto Alegre - SMIC, que prestou informações acerca do posicionamento da SMIC em relação ao débito dos permissionários do Mercado Público Central de Porto Alegre, bem como sobre a atuação dos fotógrafos ambulantes na Praça XV e dos vendedores que vêm utilizando automóveis do tipo "Van" para a venda de lanches. Na ocasião, os Vereadores Nereu D'Ávila, Adeli Sell, João Dib, Cláudio Sebenelo, Fernando Záchia, Anamaria Negroni, Renato Guimarães, Reginaldo Pujol, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa e José Valdir manifestaram-se e formularam questionamentos ao Senhor José Luiz Vianna Moraes acerca do assunto em debate. Também, respondendo a Questões de Ordem dos Vereadores Nereu D'Ávila e Anamaria Negroni, o Senhor Presidente prestou informações acerca da forma como seriam encaminhados os trabalhos durante o comparecimento do Senhor José Luiz Vianna Moraes. Às dezesseis horas e cinqüenta e sete minutos, o Senhor Presidente declarou suspensos os trabalhos, nos termos regimentais, sendo os mesmos reabertos, constatada a existência de "quorum", às dezessete horas. Após, foi apregoada a Emenda nº 28, de autoria do Vereador Lauro Hagemann, aposta ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/97 (Processo nº 1153/97). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Sônia Santos discorreu acerca da importância do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre - PDDUA, afirmando que o atraso no envio desse projeto para apreciação por este Legislativo tornará inviável uma análise mais profunda sobre o mesmo. O Vereador Lauro Hagemann manifestou-se acerca das medidas econômicas hoje divulgadas pelo Governo Federal, declarando que o plano econômico vigente no País deveria ter redefinido seus rumos anteriormente, evitando prejuízos à população. Também, reportou-se ao pronunciamento da Vereadora Sônia Santos, esclarecendo os motivos pelos quais o PDDUA ainda não foi encaminhado a este Legislativo. O Vereador Reginaldo Pujol discorreu acerca do comparecimento na Casa do Senhor José Luiz Vianna Moraes, Secretário Municipal de Produção, Indústria e Comércio de Porto Alegre. Ainda, referiu-se aos pronunciamentos dos Vereadores Sônia Santos e Lauro Hagemann, defendendo a idéia  da  impossibilidade  de votação do PDDUA ainda neste ano. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou que o Executivo Municipal encaminhará o projeto do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre à Casa no dia doze de novembro do corrente, às quatorze horas, tendo o Vereador Reginaldo Pujol, através de Questão de Ordem, manifestado-se a respeito. <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib teceu considerações acerca dos pronunciamentos hoje efetuados na Casa, relativos ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre, alegando que, com a entrega deste Plano apenas no dia doze de novembro do corrente, caso ocorra sua votação ainda neste ano, não será viabilizada a análise necessária, sendo prejudicada a comunidade porto-alegrense. O Vereador Renato Guimarães analisou a crise econômico-financeira observada a nível internacional, comentando medidas adotadas pelo Governo Federal, hoje divulgadas pela imprensa, e declarando que a repercussão de tais medidas resultará em danos para a população brasileira. O Vereador Nereu D'Ávila reportou-se às medidas econômicas adotadas pelo Governo Federal, afirmando que as mesmas visam à manutenção do Plano Real, sendo os mais atingidos os trabalhadores, em especial a categoria dos funcionários públicos. Após, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na oportunidade, a Vereadora Maria do Rosário, através de Questão de Ordem, comunicou que, amanhã, às dezoito horas, na Feira do Livro, será efetuado o lançamento da cartilha "Meus Direitos de Criança". Também, respondendo a Questões de Ordem dos Vereadores Gerson Almeida, Antonio Hohlfeldt e Nereu D'Ávila, o Senhor Presidente prestou informações acerca da ordem de votação dos projetos a serem apreciados e acerca da forma de acesso dos assistentes ao Plenário, durante as votações desta Sessão. Ainda, o Vereador João Dib, propôs  acordo  entre  os  Vereadores para a redução do tempo dos encaminhamentos à votação referentes ao Projeto de Lei do Executivo nº 36/97 de cinco para três minutos, tendo o Vereador Carlos Sebenelo posicionado-se pela manutenção do tempo de cinco minutos. Em continuidade, foram iniciadas as votações das Emendas destacadas apostas ao Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Executivo nº 36/97, aprovado na Sessão Ordinária do dia sete de novembro do corrente. Foi aprovada a Emenda nº 01, considerando-se prejudicadas as Emendas nºs 06, 07, 08 e 11, após ser encaminhada à votação pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Reginaldo Pujol, Nereu D'Ávila, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino e Renato Guimarães. Foi aprovada a Emenda nº 02, após ser encaminhada à votação pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Eliseu Sabino e Reginaldo Pujol. Foi aprovada a Emenda nº 09, por dezesseis votos SIM, nove votos NÃO e quatro ABSTENÇÕES, após ter sido encaminhada à votação pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Antonio Hohlfeldt, Eliseu Sabino e Reginaldo Pujol, tendo sido submetida à votação nominal por solicitação do Vereador Clovis Ilgenfritz, votando Sim os Vereadores Antônio Losada, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Eliseu  Sabino, Elói  Guimarães, Fernando  Záchia, Guilherme  Barbosa, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Sônia Santos, Não os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib e Pedro Américo Leal e optando pela Abstenção os Vereadores Décio Schauren, Gerson Almeida, José Valdir e Maria do Rosário. Foi rejeitada a Emenda nº 12, após ser encaminhada à votação pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, tendo apresentado <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Declaração de Voto os Vereadores José Valdir, Gerson Almeida, Maria do Rosário, Guilherme Barbosa e Renato Guimarães. Após, foi efetuada a votação das Emendas não destacadas apostas ao Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Executivo nº 36/97. Foram rejeitadas as Emendas nºs 03 e 04, esta por quatro votos SIM e vinte e quatro votos NÃO, tendo sido submetida à votação nominal por solicitação do Vereador Clovis Ilgenfritz, votando Sim os Vereadores Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, Nereu D'Ávila e Paulo Brum e Não os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Sônia Santos e tendo apresentado Declaração de Voto os Vereadores José Valdir, Maria do Rosário, Guilherme Barbosa, Juarez Pinheiro e Antônio Losada. Foram aprovadas as Emendas nºs 05, 10 e 14. Na ocasião, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos regimentais, e o Senhor Presidente, respondendo a Questões de Ordem dos Vereadores Luiz Braz, Antonio Hohlfeldt, José Valdir, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Juarez Pinheiro e Carlos Garcia, prestou esclarecimentos acerca das prejudicialidades resultantes das aprovações de Emendas apostas ao Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Executivo nº 36/97. Também, os trabalhos estiveram suspensos, nos termos regimentais, das dezoito horas e trinta e seis minutos às dezoito horas e trinta e sete minutos e das dezenove horas e quinze minutos às dezenove horas e dezesseis minutos. Após, o Senhor Presidente, respondendo a Questões de Ordem dos Vereadores Isaac Ainhorn e João Dib, prestou informações acerca do encaminhamento dado a solicitações efetuadas anteriormente por Suas Excelências, relativas ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/97. Em prosseguimento, foi votado Requerimento verbal do Vereador Gerson Almeida, solicitando alteração na ordem de votação da matéria a ser apreciada, o qual recebeu onze votos SIM e quatro votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Nereu D'Ávila, João Dib, Reginaldo Pujol e Luiz Braz, votando Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário e Renato Guimarães e Não os Vereadores Isaac Ainhorn, Nereu  D'Ávila, Paulo  Brum e Reginaldo Pujol, votação esta  considerada nula pelo Senhor Presidente, face à inexistência de "quorum" deliberativo. Na oportunidade, o Vereador Guilherme Barbosa formulou Requerimento verbal, para alteração na ordem de votação da matéria a ser apreciada, no referente ao Requerimento nº 276/97, e o Senhor Presidente solicitou a anuência dos Senhores Vereadores para que sejam encaminhadas as providências relativas à Sessão Ordinária solicitada através do Requerimento nº 276/97. Também, os Vereadores Luiz Braz e Gerson Almeida manifestaram-se acerca do Requerimento nº 276/97. Às vinte horas e três minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Havendo quórum passamos ao período de

 

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 3256/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 190/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que denomina Largo Abelard Jacques Noronha um logradouro público localizado  no Bairro Moinhos de Vento.

 

PROC. 3324/97 -  PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 052/97, que cria função regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, pertencente ao Quadro Celetista em Extinção, no Departamento Municipal de Habitação e dá outras providências. (Motorista)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 2590/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 155/97, de autoria da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, que estabelece penalidades aos estabelecimentos que expuserem ou negociarem fitas de vídeo de conteúdo erótico ou pornográfico com crianças e adolescentes. Com Substitutivo nº 01.

 

PROC. 3246/97 -  PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 050/97, que autoriza, na forma do art. 56, inciso V, da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, a permuta de próprios municipais situados na Rua Riachuelo nº 1061, 1087 e 1105, por imóvel de propriedade do Estado do Rio Grande do Sul, localizado na Rua Carlos Von Koseritz nº 442.

 

PROC. 3249/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 188/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Ruy Carlos Ostermann.

 

PROC. 3266/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 191/97, de autoria do Ver. José Valdir, que denomina Rua Eloy Rosa Soares um logradouro público localizado no Loteamento Vila Nova Gleba, no Bairro Rubem Berta.

 

PROC. 3292/97 -  PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 051/97, que autoriza a abertura de crédito suplementar no Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU, no valor de R$ 4.000.000,00 e dá outras providências.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0483/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 007/97, de autoria do Ver. José Valdir, que estabelece a política de convênios no Poder Executivo Municipal de Porto Alegre.

                                                     

PROC. 3067/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 178/97, de autoria do Ver. Gilberto Batista, que dá nova redação aos parágrafos 3º e 4º e acrescenta parágrafo ao art. 1º da Lei nº 6091/88, que regula o serviço de transporte escolar no Município de Porto Alegre.

 

PROC. 3128/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 184/97, de autoria da Verª. Anamaria Negroni, que autoriza o Executivo Municipal a erigir pedra ornamental em memória da equipe médica e tripulação vítimas de acidente aéreo.

 

PROC. 3130/97 -  PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 185/97, de autoria da Verª. Anamaria Negroni, que institui, no âmbito do Município de Porto Alegre, o “Dia da Solidariedade”.

 

4ª SESSÃO

 

PROC. 3154/97 -  PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 003/97, de autoria do Ver. Décio Schauren, que altera o art. 82 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre (quorum de maioria qualificada para alteração de denominação de logradouros).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Na Pauta há um Projeto de Lei do Executivo que suplementa 4 milhões de reais  no Departamento de Limpeza Urbana usando parte do excesso de arrecadação. Como sempre a exposição de motivos é muito fraca,  não esclarece  bem para onde vai o dinheiro, o importante  é que se registre que é parte do excesso da arrecadação. Na sexta-feira, ouvi um Requerimento sobre r quanto é que a Administração  João Dib recolheu de IPTU  nos anos de 1983, 1984, 1985. Eu vejo aqui que era uma Administração sem dinheiro mesmo. Hoje o IPTU  para os porto-alegrenses é,  na média,    de  duzentos dólares, e  aqui me informa o PT que, no ano de  1983, nos anos em que fui Prefeito,  1983, 1984, 1985 a média foi  de  82 dólares por  economia, 56 dólares e depois 49 dólares por economia. 

Portanto, esta é uma Prefeitura felizarda  com muito dinheiro e que pôde  fazer suplementação desse tipo, até por  uma suplementação que me leva a pensar que um dia esse Departamento,  que não tem auto-sustentação  recebeu suplementações e mandou fazer  estudos de uma matéria que não lhe competia, quer era um motor de explosão usando  gás. Se o Departamento não tem verba para ser auto-suficiente,  ele não pode se colocar em áreas que não são da sua competência, especialmente três dias antes de encerrar o Governo.  Esses 4 milhões poderiam ser muito mais esclarecidos  para todos nós,  para sabermos exatamente quanto já foi transferido para o Departamento  de Limpeza Urbana,  quais as razões  da suplementação  dessas rubricas. Isso fica muito obscuro na Exposição  de Motivos.

De qualquer forma, fico contente, e tenho a convicção - apanhada aqui no Plenário - de que não haverá pedido de urgência para a votação, até porque no ano passado incorremos em erro numa suplementação para o Departamento de Limpeza Urbana, que foi votada em Sessão Extraordinária na sexta-feira às 19 horas, sem que o PT comparecesse na sua totalidade para assegurar aquela suplementação tão necessária,  que fez com que o Diretor Geral do Departamento de Limpeza Urbana não saísse deste Plenário, mas aqui acampasse. Espero que, agora, já que na sexta-feira não precisou correr pauta, não haja nenhuma urgência a vista para os quatro milhões de reais mal explicados para o Departamento de Limpeza Urbana. Saúde e paz.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a  para discutir a Pauta.

 

O SR. GERSON ALMEIDA:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, inscrevi-me na Pauta exatamente para abordar esse Projeto que visa obter suplementação de verbas para o DMLU, e que já foi objeto de discussão por parte do Ver João Dib, na Sessão passada, sempre cioso das questões da Cidade que lembrando que deveríamos ter deixado correr Pauta naquela  Sessão.

Se forem necessários mais esclarecimentos sobre o Projeto, Ver. João Dib, por favor,  solicite-os. Poderemos, sem nenhum problema, como é praxe do Governo, e como tem sido sistematicamente feito, fornecer todas as informações necessárias. A Exposição de Motivos, que é de uma página,  como só acontecer nesses casos, não entra em mais detalhes do que os que justificam a solicitação de suplementação orçamentária.  V. Exa.  sabe muito melhor do que eu, porque tem muito mais experiência nisso. Não há nenhuma novidade no que está acontecendo nesse Projeto. Logo, caro Ver. João Dib, eu estou autorizado a avaliar que V. Exa.  usou a Pauta para falar sobre outro tema, especialmente para querer me lembrar sobre a questão da urgência e do artigo 81,  objeto de uma consideração crítica de parte deste Vereador, falando em nome da Bancada do PT no que toca ao Projeto do IPTU, que são situações bem diferentes. São 4 milhões de reais que a Prefeitura solicita...

 

 O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) São 4 milhões de reais, nobre Vereador, que terão o meu voto favorável.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Mesmo que V. Exa. não fizesse este aparte, eu já contava com o seu voto. Mas veja que a matéria nos oportuniza discutir sobre a questão da limpeza urbana na Cidade, que inclusive foi objeto de uma discussão muito grande aqui na Casa, quando o Executivo Municipal remeteu um projeto propondo a criação de um consórcio com a Região Metropolitana para tratar desse assunto que é um dos mais graves problemas da administração pública municipal hoje em dia, que é onde colocar a produção de resíduos. Esse talvez seja o maior problema de gestão ambiental urbana das grandes cidades. Só para se ter uma idéia, os porto-alegrenses produzem mil e duzentas toneladas de resíduos por dia. Esse é um tipo de modelo que precisa ser rediscutido, porque inclusive nestas mil e duzentas toneladas há uma riqueza fantástica que é desperdiçada, apesar de,  em Porto Alegre,  nós termos uma coleta seletiva de lixo ampla, abrangente e uma das mais qualificadas do País. No entanto, isso ainda não é suficiente  para  assegurar um bom tratamento dos resíduos sólidos. Nós não temos lixões, mas, sim, aterros sanitários.

Gostaria de chamar a atenção, aproveitando a discussão desse Projeto em  Pauta, para o fato de que o consórcio proposto por seis Prefeituras, Gravataí, Glorinha, Esteio, Porto Alegre e outras,  em relação a uma ação comum para o tratamento dos resíduos sólidos,  é o primeiro passo fundamental e necessário para que as cidades da região metropolitana tratem problemas comuns, de forma comum e melhor. Porque sabemos que, infelizmente, o que acontece, em  nível de região metropolitana, são os lixões a céu aberto que degradam a qualidade de vida e o meio ambiente de uma forma fantasticamente inadequada. Portanto, esta suplementação vem no sentido de assegurar recursos para a continuidade, até o final do ano,  das políticas de limpeza urbana na Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, conselheiros e conselheiras do Orçamento Participativo, companheiros e companheiras que trabalham, na área de lanches, nas Towners em nossa Cidade,  uma saudação especial, Senhoras e Senhores presentes. Venho a esta tribuna  mais uma vez para discutir o Projeto do Executivo Municipal que autoriza a abertura de crédito suplementar para o DMLU. Esse é um assunto de extrema importância, porque alguns Vereadores fizeram questionamentos sobre este e outros pedidos de suplementação de verbas da Administração Pública Municipal, particularmente  a esta altura do ano.

Eu quero dizer que isso é uma necessidade, porque temos como princípio básico da Administração Pública Municipal que toda a Cidade deve ser atendida de igual forma. Houve tempos em que os moradores da periferia da Cidade não tinham um direito elementar garantido que era coleta de lixo os  resíduos produzidos.

A preocupação de algumas administrações foi - e em alguns municípios do País ainda é -  cuidar do Centro e de alguns lugares da Cidade, não se preocupando em cuidar do conjunto. E a nossa preocupação sempre foi, é e continuará sendo com um milhão, trezentos e cinqüenta mil habitantes da Cidade de Porto Alegre, sejam aqueles que moram na periferia ou moram no Centro da Cidade, porque nós achamos que os serviços públicos, de educação, saúde, saneamento e limpeza, são basilares para a qualidade de vida do nosso povo e, portanto, nós precisamos garantir essa suplementação de verbas para que o Departamento Municipal de Limpeza Urbana possa continuar a fazer um bom trabalho e, evidentemente, corrigir e melhorar o seu serviço naqueles lugares em que há deficiência. Nós seríamos os primeiros a reconhecer aqui desta tribuna, como parlamentares que dão sustentação ao Governo Municipal de Porto Alegre, que nem tudo é perfeito e, para que as coisas sejam efetivamente nota dez, nós precisamos sempre contar com a ajuda do conjunto da municipalidade, em particular, do conjunto dos Vereadores desta Casa, votando favoravelmente a esse Projeto de Lei.

Quero esclarecer às senhoras e aos senhores que a produção do lixo, já mencionada pelo Ver. Gerson Almeida, é exatamente essa, uma quantia enorme, para a qual nós temos dificuldade de encontrar locais na Cidade de Porto Alegre. O trabalho que realizamos, no Lami, na zona sul de nossa Cidade, nos dará condições de melhor colocar o lixo, já que na zona norte nós estamos numa situação de acabamento daquele lugar onde se colocavam os resíduos. Nós aprovamos nesta Casa um consórcio, uma parceria, com várias prefeituras, entre elas a Prefeitura de Gravataí, onde nós também teremos um outro local.

 Agora, eu quero discutir, também, a importância de que não nos basta apenas recolher. Nós queremos mais, e chamamos a população a nos ajudar a fazer uma ampla divulgação sobre os serviços e sobre os horários nos quais a Prefeitura Municipal, através do DMLU, recolhe o lixo da Cidade.  Se todos nós fizermos o papel de cidadão, nós também estaremos contribuindo para uma maior eficácia desse trabalho. E quero fazer um apelo, um chamado especial a vários conselheiros que estão aqui, líderes comunitários, os senhores e as senhoras que trabalham com lanches nas vias de nossa Cidade,  para que,  juntos, possamos fazer um trabalho para, efetivamente, termos  a Cidade mais limpa do País. Que  aqui seja, de fato, um cartão postal para quem nos visita, que possamos ser sim, a  Capital turística do Mercosul, e um exemplo para outras cidades. Nesse sentido, chamamos à aprovação deste Projeto de Lei, 4 milhões de suplementação de verbas para o Departamento Municipal de Limpeza Urbana. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: o Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, fico no assunto que o Ver. Adeli Sell estava enfocando porque, realmente, desde a Sessão anterior, eu manifestava a minha preocupação pela forma sistemática com que se repete, ano após ano, nesse período de novembro, sempre,  aqui,  na Câmara,  um projeto  de suplementação de recursos  do Departamento Municipal de Limpeza Urbana. Isso demonstra,  já fiz essa afirmação e repito com a maior clareza possível, que esses orçamentos estão sendo mal preparados. Ano após ano, se os recursos previstos no orçamento são insuficientes para o DMLU, por que já não vir na proposta orçamentária devidamente corrigidos?

Agora mesmo, nós teremos, ainda este mês, que decidir sobre o orçamento do DMLU que acredito  contenha essas mesmas insuficiências que os orçamentos dos últimos três anos continham. Ou seja, tenha uma previsão de despesa aquém da realidade e, evidentemente, isso faz com que  sempre, neste período  se peça  suplementação orçamentária para atividades que, Ver. Adeli Sell, têm todas as condições de ser bem previstas, como, por exemplo,  material de consumo, que se pede suplementação de 200 mil reais e aqui, numa rubrica absolutamente elástica e ampla, quando fala serviços e encargos, 3 milhões e 600 mil reais. A Exposição de Motivos não faz a maior  referência a não ser  dizer que os 3 milhões e 600 mil reais a serem suplementados na dotação destinada às despesas com serviços de coleta, varrição, capina e outras atividades.

Ora, varrição, capina, coleta e outras atividades é o DMLU. Então, tem deficiências específicas no fundamento da atuação da Autarquia, salvo que alguém me diga que tem outra utilidade que desconheço. O que mais o DMLU faz?

 

O Sr. Adeli Sell:  V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador): Se estou entendendo bem, Ver. Reginaldo Pujol, a sua preocupação é com a falta de informações na Exposição de Motivos. Se esse for o problema, nos encarregaremos, até a próxima Sessão, de trazer esses dados e todos os elementos que V. Exa. considera que faltam no Projeto de Lei.

 

 O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço a V. Exa., e preparei o meu pronunciamento para que V. Exa.  o aparte, porque tenho dito, sistematicamente, que perdemos tempo discutindo coisas por ausência, pela pobreza de informações a respeito do assunto, que já deveriam vir melhor esclarecidos para cá, para que não perdêssemos tempo discutindo.

 Evidentemente, depois de ouvir o pronunciamento de V. Exa. e do Ver. Gerson Almeida, ninguém na Casa vai querer que não se realizem os trabalhos do DMLU, é um trabalho importante, uma das razões de ser do Município, que é manter limpa e organizada a sua Cidade.

 O que estou afirmando, Vereador, e V. Exa. capta na sua inteligência, é que o DMLU tem tido o seu orçamento malpreparado, tanto que todos os anos neste período vem uma solicitação de suplementação de verba.  E o Ver. Gerson Almeida sabe que essa suplementação, 3 milhões e 600 reais, é na rubrica, praticamente 18% do que havia sido previsto no orçamento original. E isso se constitui num erro de previsão incalculável.

 Só tem um fato bom, muito bom, neste projeto, Ver. João Dib, V. Exa. que tem uma acuidade enorme não se deu conta: está sobrando dinheiro no Município. Esses 4 milhões é suplementação. E se diz claramente que servirá de cobertura aos créditos autorizados no artigo anterior, parte do excesso de arrecadação, apurados nos termos do parágrafo 3º do art. 43  da Lei Federal. Se é parte,  é porque o excesso de arrecadação é mais do que 4 milhões. Então, o Município está bem de recursos.  Algumas preocupações que tínhamos, como, por exemplo, a necessidade  de ter que revisar os valores venais dos imóveis, não tem problema, porque aquilo não vai ter grande repercussão e o Município está com sobras, tanto que parte desse excesso de arrecadação são os 4 milhões que estamos repassando, certamente, para o DMLU. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra. Ausente. O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, volta e meia esta Casa é acometida por verdadeiros modismos em termos de projetos, e aí acontece o que o Ver. João Dib costuma chamar de história em quadrinhos. Houve uma época em que esta Casa teve 12 projetos propondo incluir matérias e assuntos nos currículos das escolas. Este ano já há dois, que são planejamento familiar e disciplina de trânsito no currículo. Eu já comentei desta tribuna de que é um desrespeito aos profissionais da educação e um desserviço ao próprio currículo, porque torna o currículo inadministrável e também é um desrespeito à comunidade escolar, que tem que discutir o currículo.

 Agora, a Vera. Anamaria Negroni inaugurou um outro tipo de modismo, que são os dias específicos para celebrar ou homenagear valores éticos. Ela propõe o dia da solidariedade, ligado ao acidente que vitimou os nossos médicos em Santa Catarina, e diz, na sua justificativa, que é para estimular a doação de órgãos.  Esse tipo de projeto é um equívoco brutal, porque ele consegue, muitas vezes, o efeito contrário ao que se pretende, pois determinados valores éticos, que queremos ver fortalecidos no seio da sociedade, tem que ser trabalhados não com dias específicos, mas trabalhar concretamente para que eles se tornem e se incorporem no dia-a-dia da comunidade e da população, para que eles passem a fazer parte de uma cultura, e não transformar  numa homenagem por um dia, que, aliás, serve, sim, para o consumismo. Nós já temos Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados que a sociedade consumista transformou muito mais num dia de consumo do que qualquer outra coisa. E se nós vamos inaugurar o Dia da Solidariedade, esse novo modismo da Câmara de estabelecer dias para celebrar valores éticos, está aberta uma série de possibilidades legislativas para outros Vereadores apresentarem o Dia do Amor, o Dia da Amizade, o Dia do Carinho e uma série de outros dias. Nós vamos acabar homenageando nos 365 dias do ano um valor ético que, na verdade, deveríamos trabalhar no sentido de transformá-los em práticas efetivas no seio da sociedade.

Então, eu acredito que é um projeto equivocado que pretende-se  vincular  à campanha de doações de órgãos que deve ser uma campanha permanente e não ligada a apenas um dia que seria o Dia da Solidariedade. Eu acredito que esse projeto da Vera. Anamaria Negroni, talvez feito na pressa, é equivocado e vem, de certa forma,  confirmar aquela análise que o Ver. João Dib costumava fazer, quando fui Vereador aqui pela primeira vez, de que leis não são histórias em quadrinhos feitas em quantidade para agradar. Às vezes parece-me que acabamos dando razão à análise que o Ver. João Dib fazia e faz nesta Casa, quando aparece na Pauta projetos desse teor. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

    

O SR. PRESIDENTE: Senhores Vereadores, encerramos o período de discussão Pauta.

Passamos a palavra, neste momento, ao Sr. José Luiz Vianna Moraes, Secretário Municipal de Produção, Indústria e Comércio do Município de Porto Alegre, conforme Requerimento dos Vereadores Cláudio Sebenelo, Pedro Ruas e Nereu D'Ávila, e aprovado por esta Casa. O assunto que traz o Sr. Secretário a esta Casa é referente ao Mercado Público, aos fotógrafos da Praça XV e as Vans - lanches rápidos no Município de Porto Alegre.

 

O SR. JOSÉ  LUIZ VIANNA MORAES: Eu gostaria de inicialmente cumprimentar ao Ver. Paulo Brum e, através dele, o conjunto de Vereadores desta Casa. Também gostaria de prestar um pequeno esclarecimento porque, pelo que fui informado, eu estava sendo aguardado às 14hs e, na realidade, o fax que recebi, era para eu comparecer às 14h30min. Eu fui convidado para vir a esta Casa para falar sobre três assuntos: a questão das vans, dos fotógrafos da Praça XV de Novembro e do Mercado Público.

Faço, em primeiro lugar,  referência aos fotógrafos da Praça XV, os conhecidos lambe-lambes. Informo aos Senhores que existem hoje quatro pessoas  ainda remanescentes na condição de lambe-lambe. Desses quatro, um, o Sr. Celso Marques da Silva, solicitou a alteração de ramo. Solicitou deixar de ser fotógrafo lambe-lambe e passar a vender cachorro quente. Os outros três continuam sendo fotógrafos. Eles não são mais licenciados desde 1986. A informação que eles deram no último registro de alvará  que eles têm, foi  de que  o Prefeito Alceu Collares disse que eles faziam parte da tradição da Cidade e que, portanto, não precisavam estar anualmente se licenciando. A realidade é que eles não se licenciaram desde então,  e também,  não tiveram a sua possibilidade de trabalho restringida. Agora, com a solicitação desse, de trocar de ramo de atividade, nós aceitamos, exatamente reconhecendo que eles são pessoas tradicionais e esse precedente de permitir a mudança de ramo poderia, no máximo, atingir quatro pessoas, que são os quatro remanescentes.

     Com relação ao outro tema que me foi solicitado, que é a questão das vans, gostaria de colocar que essa comercialização é um fenômeno que aconteceu recentemente, não só na nossa Cidade, mas em muitas outras, e ao contrário de muitos outros equipamentos novos que seguidamente são propostos para o comércio ambulante, este, das vans, é um equipamento que começou a se consagrar na Cidade. E nós enfrentávamos um problema no regramento municipal para enquadrar esse tipo de comercialização.

No nosso ponto de vista, essa situação está sendo encaminhada por duas vertentes: uma por esta Casa através do nobre Vereador Nereu D'Ávila,  que tem um projeto de lei específico para regulamentar a questão das vans, que vem a preencher uma lacuna, mas talvez ainda genérico; por outro lado, estamos discutindo, tanto com a Associação Rio-grandense de Unidades Móveis de Alimentação como com a  Associação Gaúcha sobre Rodas, uma resolução. O que temos,  fundamentalmente,  a fazer,  nessa questão,  é compatibilizar o projeto de lei que tramita nesta Casa  com os regramentos que o Executivo vem se dispondo a estabelecer, o que não será difícil de se estabelecer,  porque com o próprio Ver. Nereu D'Ávila já tivemos uma experiência similar de adequação em relação à lei que regulamentou o Brique da Redenção. E temos, fundamentalmente, quatro problemas a serem resolvidos para, então, fazermos a regulamentação.

O primeiro deles é que alguns tipos de veículos, pela localização do tanque de gasolina ou pelo motor, podem trazer riscos às pessoas e,  portanto,  não é  qualquer automóvel que poderá ser licenciado para essa situação.

O segundo problema, é que a CAT - Comissão de  Controle de Atividades de  Trânsito - vê com bastante preocupação a liberação das Vans em função de que até hoje o comércio ambulante nunca ocorreu no leito viário, é um precedente em relação ao qual há algumas preocupações e a necessidade de alguns ajustes.

A terceira questão é o fato de que pela própria característica dessa atividade, ela ocorre em mais de um ponto, ou seja, o mesmo veículo, num determinado horário, está num ponto, em outro horário, em outro ponto. E isso exige uma forma de adequação especial, que poderia ser por similitude, tipo o alvará que temos "percorrendo o bairro", mas, por outro lado, esse alvará dá um problema de liberdade em demasia. Temos que encontrar um instrumento mais adequado para essa situação.  Essas questões vêm sendo encaminhadas nos canais competentes.

 O quarto problema é a possibilidade de haver uma aglomeração.  Por exemplo, todos os veículos licenciados,  no final de  um jogo de futebol corram para o local do jogo. O licenciamento "percorrendo o  bairro"  pode trazer esse tipo de problema, teria ainda que ser adequado. Os estudos que vêm sendo feitos no Executivo e nesta Casa encaminham  para que se tenha uma solução adequada no sentido de criarmos um regramento e podermos então fazermos o licenciamento. Esse é o objetivo do Executivo,  através da resolução que prepara, e do Legislativo através dos projetos de lei que tramitam nesta Casa.

O último ponto solicitado diz respeito ao projeto da restauração do Mercado Público Central de Porto Alegre. O processo de restauração do Mercado Público Central de Porto Alegre era inevitável. Após muitos anos de abandono ou o Mercado era restaurado, ou a Cidade de Porto Alegre perderia o Mercado Público. Tínhamos os quatro frontões,  que estão acima dos portões de entrada,  desamarrados e equilibrados pelo próprio peso, podendo, a qualquer momento ruir. Nós tínhamos as paredes do pavimento superior se deslocando do prumo e podendo também ruir e ter o telhado do segundo pavimento afundado. Tínhamos quatro vezes mais  quantidade de gás liquefeito de petróleo dentro do Mercado Público do que  os índices de segurança recomendados. Portanto, era indispensável a realização desse processo de restauração que foi iniciado em 1990 e foi concluído em março de 1997. A Prefeitura adotou uma postura de preservação do patrimônio público, que é uma postura diferenciada da postura do Governo Federal e Governo Estadual que estão, hoje, vendendo o patrimônio público.

A Prefeitura de Porto Alegre tem procurado, junto com a população de Porto Alegre, preservar o patrimônio. E é evidente que para uma obra desta importância, quer pelo aspecto da ligação afetiva  que a população de Porto Alegre tem com o seu Mercado, quer pelo valor envolvido, quer pelo tempo envolvido, era  absolutamente necessário e salutar que o Legislativo Municipal questionasse o andamento e fiscalizasse a realização das obras.

Nesse sentido, um conjunto de iniciativas de Vereadores desta Casa, como, por exemplo, o Ver. Isaac Ainhorn,  encaminhou, em abril deste ano, um questionamento sobre vários itens de como se deu a restauração. Este encaminhamento me parece salutar, assim como é salutar, também, o encaminhamento de uma Comissão, não formalizada,  de Vereadores desta Casa, que vem, agora, após a obra de restauração do Mercado Público, acompanhando o processo, inclusive tendo feito um questionamento aos permissionários. Em realidade, se a iniciativa de fazer o questionário, se a iniciativa de analisar a situação dos permissionários do Mercado Público é absolutamente salutar, eu creio que a forma como foi feita esta pesquisa compromete os seus resultados. Por quê? Talvez porque no processo de elaboração, a partir das assessorias dos Vereadores desta Casa,  não tenham trabalhado técnicos em pesquisa,  o que teve como conseqüência que, por um lado, a pesquisa, da forma como foi montada,  induz algumas respostas.  Por exemplo, na pergunta 9-C, diz o seguinte:   "Na sua opinião, é um defeito de projeto e construção? A responsabilidade sanitária e conseqüência de tais defeitos (ou seja, induzindo que há um defeito) é dos permissionários? A cobertura da parte central do Mercado, por sua construção no sistema de janelas e venezianas, está funcionando como um grande exaustor? No inverno  retira o calor do interior do prédio? No verão  ejeta o calor externo para o interior? Produz, assim,  intensa circulação de ar e, com esta, permanente poeira no ambiente?"

Este tipo de questionamento, na verdade, embora não fosse esta a intenção dos Srs. Vereadores ao elaborarem esse questionário,  acaba induzindo a resposta que vai ser dada e, no caso específico da pergunta  da ESBEM,  faz com que se acredite  que as leis da Física possam ser alteradas, porque ejeta o ar do exterior para o interior,  fazendo com que o ar quente se torne mais  pesado do que o ar frio entrando para dentro do Mercado Público pelo sistema de termo cifão.

Tenho certeza de que o interesse dos Vereadores em fiscalizar e verificar a situação do Mercado Público é extremamente salutar, mas acabou comprometido pela  falta de uma orientação mais técnica.

A primeira pergunta do questionário: "Durante as obras, na condição de permissionário, você teve acesso aos planos e projetos de construção?" Setenta e quatro responderam que não. Mas, no dia 17  de  março de 1992, na Usina do Gasômetro, foi aprovado em assembléia geral , com mais de cem pessoas presentes  - e  o número de permissionários é igual a cento e doze -  o projeto de restauração do Mercado Público,  o pela unanimidade dos permissionários. Tenho, aqui, as plantas que foram apresentadas e aprovadas e que mostravam as áreas que deixariam de existir,  e isso foi aprovado pela unanimidade dos permissionários do Mercado Público. Houve uma ressalva:  os critérios de remanejamento, decorrentes do projeto que eles ali aprovaram, deveriam  ser  posteriormente discutidos.

Outra pergunta: "Na condição de permissionário, foi dada oportunidade prévia para discutir sobre  o novo local de sua banca?" " A mudança do local de sua loja ou banca  atende seus interesses comerciais?" Sessenta e seis responderam que não, mas, ao  todo, apenas cinqüenta e seis mudaram de lugar,  e desses,   oito  não trocaram nem de fachada e nem de corredor.

De qualquer forma , na assembléia geral de 17 de março de 1992,  o  projeto de restauração do Mercado Público foi aprovado por unanimidade pelos permissionários, com a ressalva de que o remanejamento deveria ser  discutido depois. O remanejamento foi discutido em um conjunto de reuniões com os permissionários e  a  Associação dos Permissionários do Mercado Público ocorrida entre março e julho de 1995.

Nessas reuniões,  ficaram estabelecidos e aprovados os seguintes critérios: não fazer um zoneamento rígido de atividade com o objetivo de manter o "mix", com alternância de ramos como sempre foi característica do Mercado; estabelecer algumas áreas proibidas para açougues, peixarias e restaurantes de forma a atender a racionalização da infra-estrutura, ou seja, não botar sistema de água servida em todo o Mercado; não permitir qualquer tipo de ocupação nos espaços de circulação, especialmente portões, arcadas e galerias; mudar de local o menor número possível de permissionários; flexibilizar critérios técnicos com técnicos de abastecimento e de engenharia em defesa da preservação do patrimônio cultural e da tradição, por exemplo: a Banca 40 que é do ramo de restaurante,  e restaurante não pôde no pátio interno, pode ficar no pátio interno pela sua tradição naquele local. Gostaria de destacar que, definida a distribuição por ramo de atividade, coube, não à Prefeitura de Porto Alegre, não à equipe do projeto de restauração do Mercado Público, mas, sim, à Associação dos Permissionários do Mercado Público definir qual o critério e, aí, optaram entre antigüidade e sorteio, qual o critério que estabeleceria que permissionário iria para qual  lugar. Portanto, a definição final de que permissionário iria para que lugar foi dada a partir de critérios escolhidos pelos próprios permissionários.

 Voltando ao questionário, na quarta questão, pergunta: "Você tem ciência do valor monetário total das contribuições dos permissionários para as obras do Mercado? Em alguma ocasião a SMIC prestou conta dos referidos valores?"  E a resposta seria que não. Gostaria de esclarecer que foram feitas 52 reuniões do FUNMERCADO - Fundo que administra os recursos para onde iriam as contribuições dos permissionários do Mercado Público. Entre 11 de agosto de 1989 e 17 de setembro de 1997, foram feitas 52 reuniões do FUNMERCADO, em 50 delas com representação dos permissionários do Mercado Público presente. Ali, foi discutido,  centavo a centavo,  a aplicação de todos os recursos da restauração do Mercado Público,  sempre com a representação dos permissionários, e tenho, inclusive, aqui, a data de todas as reuniões.

 Por último, eu queria abordar uma questão, ainda relacionada ao questionário. Havia uma pergunta que dizia: "Você trocou de ramo por livre escolha?" 45 permissionários responderam que não, que não trocaram de ramo por livre escolha. Só que,  na realidade,  apenas 7 trocaram de ramo. Isso,  para mim, bem demonstra que a forma como foi feito o questionário não atingiu os objetivos.

Não há dúvidas de que há problemas no Mercado. Há redução de vendas no Mercado Público, mas precisamos entender as reais razões da queda de venda no Mercado Público. Para podermos solucionar os problemas, temos que buscar as razões verdadeiras. Evidentemente,  a  queda de vendas no Mercado Público não decorreu da obra. Não é porque o Mercado Público ficou cheirando melhor ou fedendo menos, não é por isso, que o público deixou de ir ao Mercado Público. Não é porque o Mercado Público passou a ficar menos sujo, e conseqüentemente mais limpo, que as pessoas deixaram  de ir ao Mercado Público. O que ocorre na realidade é que há um problema de retração geral de vendas  na Cidade.

Eu gostaria de chamar a atenção para algumas coisas. O Sindilojas, com o apoio da Prefeitura de Porto Alegre, lançou a campanha  "Brilha,  Porto Alegre!", todos os Senhores já devem ter visto,  na televisão, o anúncio dessa campanha.  Pois bem, o próprio Sindilojas, no estudo para o lançamento da campanha, diz: "Vamos entender os motivos que refreiam as compras  e que vão refrear as compras deste Natal. Há obstáculos para a compra, obstáculos macroeconômicos: o Plano Real, a mobilidade social, a queda do nível de emprego, o comprometimento do orçamento familiar". O estudo do Sindilojas  aponta para esses motivos de queda nas vendas em toda a Cidade.

 Mais do que isso, se pegarmos de 1994 para cá - o ano da instalação do Plano Real - vamos ter um aumento em 224,5% no número de concordatas e falências no Estado do Rio Grande do Sul, de 1994 para 1996. Em 1997, considerados apenas os 9 primeiros meses, 134,1% em relação a 1994. Se pegarmos o termômetro de vendas do CDL, vamos ver que acabou o ano de 1994 com 34,86% positivo. Acabou o ano de 1995, dezembro de 1995, de 34,6% positivo para 0,54%; de 1995 a dezembro de 1996, negativo 1,53%; e,  até agora,  em 1997 está negativo em 43%.

Portanto, na verdade, temos, concorrendo para  a situação, o que os permissionários argumentam de redução de vendas do Mercado Público, por um lado a situação geral, a retração geral das vendas no Brasil. Por outro lado, temos uma outra situação: os preços,  dentro do Mercado Público,  após a restauração,  se elevaram.  Tenho uma pesquisa: laranja-pêra, diferença do Mercado Público para a média de 12 supermercados: 174% mais cara no Mercado Público; tomate paulista: 64% mais caro no Mercado; frango resfriado: 17% mais caro no Mercado; costela minga: 8% mais cara no Mercado; carne moída de primeira: 1% mais barato no Mercado; bacon: 33% mais barato no Mercado; erva mate: 19% mais cara no Mercado; feijão preto: 16% mais caro no Mercado; pãozinho de 50g, o cacetinho, 40% mais caro no Mercado Público.

A própria Associação dos Permissionários do Mercado Público fez, recentemente, uma pesquisa de preços. Na sexta-feira passada, no programa do Flávio Alcaraz Gomes, o Presidente da Associação dizia no ar: "Os preços no Mercado Público são apenas um pouco mais altos do que nos supermercados. A própria Associação  reconhece que, mesmo que um pouco, os preços lá são mais altos.

É necessário esclarecer que há exceções: o pescado não, sem dúvida nenhuma.

O jornal da FEDERASUL esclarece na pesquisa feita: onde é preciso fazer pesquisa de preços? Setenta e um por cento da população entende que para comprar produtos como os do supermercado e, conseqüentemente, do Mercado Público, é muito importante fazer pesquisa de preço. Sessenta e quatro por cento dos entrevistados dizem que ao olhar uma vitrine,  o que buscam é o preço.

Na realidade, temos, sem dúvida, um problema de retração de vendas no Mercado Público e temos que enfrentar esse problema. Agora, a forma de enfrentá-lo não é, em hipótese alguma, procurar transferir a responsabilidade  para uma restauração que investiu nove milhões de Reais e impediu que o Mercado Público desabasse e que fez com que mais de quinhentas mil pessoas circulassem, nos trinta dias após a restauração, pelo Mercado Público. Temos que entender por que essas pessoas que por lá circularam não permaneceram. As razões foram essas que eu procurei expor rapidamente.

Eu gostaria de dizer que nós temos que trabalhar na conscientização dos permissionários no sentido de colocar preços mais adequados no mercado Público e investir em divulgação. Preços mais adequados,  como foi o Projeto da Cesta Popular.

Por último, eu gostaria de fazer referência aos problemas de inadimplência. Temos sempre permissionários que atrasam  um ou dois meses e, depois,  colocam  o pagamento em dia. Mas,  fora essas situações,  temos aquelas que eu diria que são as mais complexas,  pois excedem a três meses de atraso.

Há,  no Contrato de Permissão de Uso, uma situação que diz: "A prática de qualquer infração prevista na cláusula anterior, assim como a falta de pagamento do preço devido por prazo superior a noventa (90) dias, implicará rescisão do presente Contrato e automático cancelamento da permissão de uso que o mesmo regula, não tendo o permissionário direito a indenizações."

Então,  são essas permissões que estão em atraso de três ou mais meses que, realmente, preocupam.

Temos, hoje, cinco permissionários nessa situação. Um deles é a primeira vez que está atrasado e teria, inclusive, duas opções de negociar. Dos outros quatro, há  dois que são do ramo de peixaria - inclusive são parentes.  Um dos dois teve um problema com a abertura de uma filial em outro estabelecimento, fora do Mercado Público, e teve de ser fechada. A partir daí, ele começou a atrasar o pagamento. A outra peixaria, por razão que não saberia explicar qual é, acompanha o comportamento dessa que é maior. Quando uma atrasa, a outra,  que é do cunhado,  atrasa também. Quando uma acerta a sua dívida, a outra acerta também. Eles têm exatamente o mesmo comportamento.

Dos outros dois que estão em atraso, um deles é do ramo de floricultura; desde que  o dono faleceu e os filhos - herdeiros - colocaram um gerente, ele  está, sistematicamente, atrasado.

 Já solicitei   ao gerente  que  os herdeiros  venham tratar do assunto com  a Prefeitura para tentarmos  negociar, porque ele está sistematicamente  atrasado e, além disso,   ele não se dispõe a negociar nos termos que os outros negociaram.  O último foi um açougue que virou restaurante, situado  no andar de cima, que  fez um grande investimento para qualificar o seu estabelecimento e,  na verdade,  quando ele ainda era açougue embaixo, havia dividido o seu estabelecimento em duas partes, e  outras pessoas administravam  a outra parte, a parte que não era açougue, a parte que ficou como  uma espécie de armazém. A situação é de que esses outros saíram e houve,   no início,  algumas complicações. 

Eu queria destacar o seguinte: os permissionários,  após 90 dias, devem perder a permissão de uso. Nós  não executamos essa perda de permissão de uso, pois pensávamos: “bom,  está havendo as obras, então vamos dar uma flexibilizada para que eles possam se recuperar logo depois”. Aí, esses cinco  permissionários  começaram a ficar absolutamente inadimplentes, e há uma outra cláusula da  permissão de uso,  só para deixar claro, de  1985,  que diz que após o décimo dia o  pagamento deve ser efetuado acrescido  de uma multa  de 10% ao mês do valor do débito. Isso é o que é contratual.  Mesmo assim,  fizemos uma negociação  com  os permissionários do Mercado Público e propusemos uma alteração contratual, uma multa única de 30% que teria  como seqüência, se pegarmos, por exemplo, as  duas peixarias que já têm mais de 20 meses de atraso,  uma redução,  do que seria a multa, para 1,8% ao mês. Os descontos de duplicata são a 4%;  cartão de crédito,  1,5%;  cheque especial de  pessoa jurídica do BANRISUL,   7,3%; cheque especial de pessoa  jurídica do Banco do Brasil,  7,8%. Nós propusemos 1,8%  para esses  quatro permissionários em atraso, alguns com 20 meses de atraso, e eles não aceitaram, não negociaram, consideraram que não era ainda razoável essa condição de pagamento. Gostaria de lembrar que são 112 permissionários, essa situação a que estou  fazendo referência diz respeito a quatro permissionários. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra o Ver. Nereu D'Ávila.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Exmo. Sr. Secretário, o nosso assunto, quando propusemos a presença de V. Exa. aqui, é sobre as Vans. Quero referir rapidamente a Lei 31287/68, que no Parágrafo Único do art. 1º define o que é comércio ambulante: "Considera-se comércio ambulante, para efeitos desta lei, toda e qualquer forma de atividade lucrativa, de caráter eventual ou transitório, que se exerça de maneira itinerante nas vias ou logradouros públicos". Depois, no art. 6º, refere que "O comércio ambulante obedecerá a seguinte classificação: Inciso III - Pela forma como será exercido se itinerante ou estacionado".

Pois bem, a nossa alteração o nobre Secretário referindo num primeiro momento achou que o projeto  que é de caráter genérico o projeto. Eu até considero, Sr. Secretário,  nem tão genérico, porque nós não queríamos aprofundar a matéria e deixamos para regulamentação da SMIC. Como V. Exa. sabe, nós apenas colocamos um parágrafo, que diz que nas condições mencionadas no parágrafo anterior, que define o comércio ambulante, incluem-se os detentores de veículos automotores que atendam as prescrições desta lei.

 V. Exa. colocou que está sendo preparada uma resolução. A preocupação é grande, porque no dia 25 de maio, no Correio do Povo, constava: "o Sr. Adelmo, da SMIC, é enfático; conta que não há possibilidade para a instalação de Vans. Esse equipamento é impossível de ser licenciado para as ruas. A Prefeitura não permite que as Vans ocupem as vias públicas da Cidade. Só é permitido, em área pública, mediante licitação ou em área particular." Hoje, sete meses depois, se vê - e São Paulo e Rio são exemplos - que a avaliação do Senhor que falou pela SMIC é improcedente, porque, pela condição atual, nós temos que partir para a regulamentação. V. Exa. falou em quatro problemas técnicos, que devem ser avaliados. Mas eu insisto, Sr. Secretário, passaram-se sete meses e ainda não veio a público a resolução da SMIC. Isso está gerando, até pela entrada no mercado de novos veículos a cada semana,  um conflito que pode agravar-se. Então, eu gostaria, num primeiro momento, de saber de V. Exa. para quando está prevista a referida resolução e se essa resolução vai regulamentar em toda a Cidade a participação dessas Vans. Em parte V. Exa. respondeu a indagação sobre a questão de segurança e dos tanques de gasolina. Já é alguma informação tecnicamente correta.

A segunda indagação, em que eu gostaria de ouvir V. Exa. ser mais claro, é se há orientação  para fiscalização a possíveis conflitos. Cito em exemplo:  na volta do Gasômetro existem dois ambulantes muito antigos estacionados e que vendem sua mercadoria de acordo com o estabelecido pela lei e, agora, estão ali estacionadas algumas Vans. Cito esse exemplo, e teria muitos outros, porque, nesse caso, há conflito. E existe, no mínimo, uma distância regulamentar que deve ser cumprida.

Eu quero ser claro, e sempre o fui, na mídia, porque a nossa intenção é colaborar, até porque já fui Secretário e sabemos dos inúmeros problemas desta  Cidade. É evidente que há que assegurar direitos daqueles que já estão no ramo, que pagam impostos e que têm direitos adquiridos, mas, também, não vai-se tirar o direito  dessa nova formulação que a crise trouxe ao mercado informa, porque,  dentro de uma perspectiva absolutamente legal e moral eles têm, também, direito ao trabalho.

Diante desse conflito, é obrigação do Poder Público ser o monitor, o reitor deste conflito que pode agravar-se. Então gostaria, nobre Secretário, que V. Exa., neste momento, desse as linhas gerais de um estabelecimento de resolução regulamentadora dessas atividades emergentes na Cidade de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa, conforme acordado com o Sr. Secretário, fará um bloco de três a três e nesse primeiro bloco falarão os dois proponentes.

 

O SR. NEREU D' ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, embora eu saiba, evidentemente, que o Regimento assim o recomenda, mas dado que são assuntos completamente diferenciados,  se o Sr. Secretário não se importar,  e como não há nenhum prejuízo a ninguém, poderia  responder primeiro a essa questão e depois passar à outra questão, porque são coisas completamente distintas e que não têm nada a ver uma com a outra.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa indaga se há algum Vereador, dentro dos que se inscreveram, que queira se colocar a respeito desse assunto.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, caro Secretário Zeca Moraes. Antes de mais nada, eu queria parabenizá-lo pela matéria do Jornal do Comércio de hoje que diz que o mercado vai voltar a ter cesta popular, que é  uma das questões que foi levantada por vários de nós -  temos discutido essa questão - , e que vem em boa hora.

Eu queria perguntar, meu caro Secretário, também sobre o assunto da questão dos lanches. Genericamente, tem-se falado em Towner, mas há outros carros que trabalha nessa questão. Eu acho que nós temos que discutir um prazo de comum acordo, entre o projeto que está em curso aqui e uma possível regulamentação, para que Porto Alegre não viva o problema que  está vivendo São Paulo e outras cidades que não têm uma legislação mais específica sobre esse assunto e outros, que têm trazido conflitos, porque no nosso modo de pensar e o Ver. Pedro Ruas, que é o presidente da Comissão de Economia e Finanças, e esse projeto está indo para a nossa Comissão, já concordou conosco de, na terça-feira, ouvir os interessados no assunto, para que esta Casa trate com toda firmeza e com toda clareza, o problema, tendo conhecimento de causa, dialogando com a entidade ou as entidades representativas desse setor e, talvez, seria importante que V.Exa, já de comum acordo, já que as pessoas estão aqui, acertasse um diálogo, daqui para a frente, para ver essa questão de prazos e ritmos, porque isso é muito importante.

Uma das coisas que eu gostaria de levantar, como preocupação, que V.Exa. mencionou, quando há um grande evento cultural na nossa Cidade, um jogo de futebol, um show, o tumulto que isso poderia causar, se já está em estudo ou  possa ser ...estudada uma forma, junto com a entidade representativa, de algo rotativo, porque isso beneficiaria o conjunto das pessoas que trabalham. Se um empreendedor não tiver um local que  seja o mais apropriado durante toda a semana, mas de 30 em 30 dias, numa rotatividade, puder utilizar um desses grandes eventos, evidentemente, haverá compensação para todos. Assim, não beneficiará alguém, propriamente dito, mas o conjunto do setor.

Eu creio que aqui não se levantou ainda, mas teremos que ter um limite desses permissionários porque, senão, vamos chegar ao ponto de o comércio, por si só,  ser inviabilizado. Então, como é que isto está sendo pensado?

Outra questão urgente - acho que a Câmara pode contribuir neste debate - é a discussão sobre a questão de segurança. Quanto ao leito da rua, acho que é uma preocupação, não necessariamente, elas serão colocadas sempre nesse local, pois num grande evento pode ser fora da rua, se for o caso.

Agora, eu abordo rapidamente a questão do Mercado Público. Quero voltar a dizer que esta notícia veio em boa hora, porque ela toma exatamente aquilo que este Vereador colocou aqui em outra oportunidade. Já tenho dito a V.Exa., que uma das questões essenciais do Mercado Público - e nós ouvimos hoje aqui, pela manhã, a Sociedade de Engenharia sobre o Centro 24 horas e, para mim, ficou mais evidenciado do que nunca -, um dos nossos problemas é o da comunicação, a divulgação do nosso Mercado Público, mostrando o que  ele traz de benefícios, de fato, à população. Implantaram um cesta popular, por si só, eu creio que os meios de comunicação e os  vários jornalistas aqui presentes, que farão disso  uma notícia, porque isso é notícia da Cidade e atinge o conjunto da população.

Gostaria de saber de V. Exa. o que está sendo feito acerca de divulgação interna do Mercado Público? Porque eu já consultei pessoas, isso não é, como V.Exa. já cobrou, algo tão científico, mas a maioria das pessoas não sabe de certos empreendimentos que existem no Mercado Público. Pergunte, por exemplo, se as pessoas sabem que tem  barbeiro, cabeleireiro; muitos não sabem, mas lá existe.

Então, precisamos alguma forma de, no Mercado Público, ter essa divulgação interna. Também questiono como está sendo pensada a divulgação externa e, particularmente, a instalação de um lugar, um quiosque ou uma sala para a divulgação turística da nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Com a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores; Sr. Secretário. Antes de mais nada, quero dizer que tenho contrariedade com os serviços de lanches na Cidade, e minha contrariedade não é com quem faz o serviço, mas sim com a Secretaria de Indústria e Comércio que não deveria ter permitido o primeiro, porque agora estamos perante um fato consumado e temos que buscar uma solução.

 Quero fazer uma restrição ao fato e dizer que tenho recebido queixas, por exemplo, da Praça Simão Carlos Arnt, conhecida como Praça da Encol. Ali na frente da lancheria,  já foram contadas,  no domingo,  dezessete Vans  vendendo lanches.

Para quem está estabelecido e paga aluguel, realmente, é um problema muito sério. E antes que fosse iniciado o serviço deveria haver um alvará, uma regulamentação para que pudesse servir à Cidade. É um bom serviço, não estou dizendo o contrário. Mas, tem gente já se preparando para comprar novas Vans, ampliar o negócio e nós não temos uma regulamentação a respeito, é fato consumado e sem nenhuma solução para o problema.

 Mas, queria falar sobre o Mercado Público. Desde o momento que teve as suas obras concluídas, nós,  na Câmara, sem busca de promoção, procurávamos uma solução. Há um problema no Mercado e compete, sem dúvida nenhuma, à Secretaria Municipal de Indústria e Comércio buscar a solução.

Não adianta o Secretário dizer que a comercialização no Brasil está em baixa, não adianta dizer que há retração geral nas vendas, não adianta mostrar estatísticas. Há um problema sério e há uma dificuldade. O questionário foi, agora, criticado, mas ele só aconteceu porque tentamos fazer as reuniões com os permissionários, aqui, na Câmara e eles tinham medo de participar de uma reunião, não vinham, se sentiam acuados.

Então, não há dúvida, que 52 reuniões realizadas possa não ter levado a eles nenhuma luz. Não há dúvidas de que a reunião feita no Gasômetro, como V. Exa. informou, pode não ter reflexo nenhum. Mas, ali está um retrato de um momento difícil, que necessita de  uma das resposta, São todas não-identificadas. Mais importantes do que os prédios são as bancas, os produtos e os clientes.

Há dificuldades, e nós constatamos que havia dificuldades; nós não pretendíamos polemizar, não pretendíamos chegar à situação que chegou, mas de repente tivemos que usar a tribuna e falar. Na verdade, os seis Vereadores, que estavam acompanhando mais de perto, e depois outros passaram a integrar esse grupo, estavam preocupados em buscar uma solução, e o Secretário, com todas as  letras disse: "O Mercado vai mal, porque vende mais caro, porque não sei o que, mas vai mal...", isso nós não podemos desconhecer. E aí é que está o Poder Público para buscar uma solução ou ajudar numa solução. O que nós quisemos foi o diálogo e não o conseguimos.

Por um lado os permissionários com medo, o que nos levou a ficar de mãos amarradas e fazer um questionário, que V. Exa. criticou, e é um direito; mas há algumas coisas que não podem ser criticadas. Eu não posso querer que os permissionários das bancas do Mercado tenham o mesmo nível cultural do Secretário ou do Vereador. Eles têm uma idéia de comerciantes, alguns já estão lá há 40 ou 50 anos; estão lá desde crianças,  com as suas famílias, então, alguma coisa está errada. Em nenhum momento os Vereadores, que buscavam uma solução, estavam preocupados tão-somente com os inadimplentes. Em nenhum momento! Nós estávamos preocupados com o conjunto todo, e até com os inadimplentes. Por que,  de repente,  alguém fica inadimplente? O Secretário diz que é pela retração geral de vendas e preços mais altos. Quem sabe reuniremos todos para trocar idéias e simplificar?

Eu não tinha nenhuma intenção de promoção, mas sim de buscarmos uma solução, e eu não posso deixar de dizer que, ainda que fosse em 1985, quando eu era o Prefeito, os 10%, com aquela inflação, tudo bem; mas agora, com a inflação menor do que 10% ao ano, 10% ao mês,  mais 1% é muita coisa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Secretário José Luiz Vianna Moraes está com a palavra.

 

O SR. JOSÉ LUIZ VIANNA MORAES: Queria iniciar respondendo ao nobre Vereador Nereu D'Ávila que, na realidade, o que o Sr. Adelto - Diretor de Licenciamento da Secretaria – expressava, em maio, era a impossibilidade legal que ele, com a legislação existente tinha , naquele momento, para proceder ao licenciamento. Dificuldade essa que persiste e que tem que ser superada, coisa que o Projeto de Lei de V.Exa. e a Resolução que estamos buscando encaminhar devem  resolver. Entre o Projeto de Lei, sua regulamentação e a Resolução, a questão dos conflitos terá que ser equacionada.

Nessa questão de conflitos não só está a que o nobre Vereador Nereu D'Ávila colocou, com relação à  Usina do Gasômetro, onde há um problema de conflito entre as Vans que se instalaram e os antigos vendedores ambulantes, mas também há o problema de conflitos que o nobre Vereador João Dib colocou, entre o comércio estabelecido na praça da Encol e as Vans. Nas duas situações há a transposição da legislação do comércio ambulante,  e tanto é assim que, embora formalmente todas as Vans estejam irregulares na Cidade, a nossa fiscalização tem notificado algumas e outras não,  exatamente porque estão orientadas para notificar aquelas que já sabemos que em hipótese alguma se enquadrarão, porque ou estão muito próximos de um comércio estabelecido ou é alguma dessas outras regras que irão se transpor  para cá. Então, estamos buscando administrar essa situação já na perspectiva  daquilo que nos parece que vai estar consagrado, porque já foi consagrado em situações similares.

Quanto à questão da rotatividade dos grandes eventos, que o nobre Vereador Adeli Sell coloca, a idéia é interessante. Eu tenho a preocupação sobre a viabilidade técnica e   fiscalização posterior disso posterior disso, mas é uma questão que me parece a ser abordada, da regularização definitiva da situação, pois existe algum receio de dificuldade técnica, principalmente de fiscalização. O nosso objetivo é, de fato, termos essa questão encerrada o mais rapidamente possível, para entrarmos no mês de dezembro, que é o mês mais complexo para a Prefeitura administrar o comércio ambulante, sem essa preocupação.

Ainda neste aspecto, em relação ao que colocou o Ver. João Dib, eu gostaria de dizer, em primeiro lugar, que concordo com ele no sentido do problema que é  haver uma lancheria instalada e se colocar a sua frente duas, três, oito, dez, ou o que seja, camionetes desse tipo, e a regulamentação terá que impedir. Teremos, depois de regulamentada, algumas dificuldades na fiscalização, porque a Cidade é muito grande para ser fiscalizada. Gostaria de colocar que, mesmo que tivéssemos impedido a primeira Van em Porto Alegre, isso era um processo inevitável. Em todo o país as Vans estão,  nenhuma prefeitura municipal conseguiu impedir e não seria aqui que iríamos impedir. O que me preocupa nessa questão das Vans é que há facilidades na aquisição, está se criando uma  ilusão em muitas pessoas, pois estão adquirindo na expectativa de que, trabalhando, vão pagar. E há um esgotamento, isso não vai acontecer. Chegará o momento em que as pessoas vão ter sérias dificuldades nessa atividade e isso para mim é muito preocupante.

Com relação às questões levantadas sobre o Mercado Público, eu gostaria inicialmente de colocar ao Ver. João Dib que não tenho nenhuma dúvida sobre a sua intenção, eu conversei com ele no seu gabinete, a intenção do conjunto dos Vereadores era, de fato, contribuir  com o processo de valorização do Mercado Público, após a restauração. Não tenho nenhuma dúvida disso, assim como não tenho e nem caberia a mim ter dúvidas, da forma da legitimidade e até da necessidade de o Legislativo desempenhar esse tipo de trabalho de contribuição e de fiscalização. Na verdade, o que eu questiono é a forma como foi elaborado e aplicado o questionário, que acaba não sendo válido, mas quanto a intenção geral eu não tenho dúvida.

Eu gostaria de esclarecer que tanto as 52 reuniões realizadas pelo Fumercado como a assembléia-geral, onde os permissionários aprovaram o projeto de restauração do Mercado Público, todas as reuniões foram feitas com atas. Essa reunião da Usina do Gasômetro era uma assembléi-geral da Associação dos Permissionários, na qual eu estive, porque fui convidado. Eu posso afirmar que  tenho excelentes relações com o conjunto dos permissionários do Mercado Público e é verdade que, num determinado momento, em função de que aqueles permissionários já estarem  se caracterizando como inadimplentes contumazes, com eles houve uma ruptura de diálogo, não no sentido de que eu não os recebia, mas no sentido de que não avançava mais o diálogo, porque havíamos chegado no limite possível de negociação. Quer dizer, baixar a multa como foi baixada, não era mais possível. Pelo que eu sei, esses permissionários foram os que  primeiro procuraram esta Casa.

Quanto à divulgação interna, nós temos pronto, já recebemos todo o trabalho de sinalização de todo o interior do Mercado Público e agora já estamos na parte de contratação dos serviços de execução, porque o projeto já foi concluído e já recebemos. Quanto a divulgação turística que o Vereador coloca, temos, dentro do Mercado Público, uma sala bastante ampla, composta do Torreão da Júlio de Castilhos, que, inclusive, tem um mezanino, que equivale a uma área de cinco lojas. É um equipamento da Prefeitura de Porto Alegre. E ali pretendemos  concentrar as atividades da Prefeitura de Porto Alegre, atividades que vão desde se ter um memorial do próprio Mercado Público até divulgação turística, comercialização de livros da Secretaria de Cultura  e outros.

A cesta popular foi suspensa em função  das obras, por solicitação dos permissionários. Estamos insistindo, junto aos permissionários, quanto a retomada da cesta popular, mas não podemos ainda afirmar em que momento isso acontecerá. Temos a certeza de que esse é um dos caminhos para podermos reverter essa situação ou, pelo menos, minorar a situação, porque também há os aspectos gerais da economia interferindo no problema do Mercado Público.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, como proponente desse Requerimento.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores., Sr. Secretário, que nos honram com suas presenças. Particularmente, queria lhes agradecer pela gentileza de ter-nos atendido. Os Vereadores que fazem parte dessa Comissão informal, foram escolhidos  pelos próprios permissionários com a intenção de uma aproximação que, de todas as formas, se aparasse as arestas que, normalmente, há nesse tipo de relação, e que, se algo foi extrapolado, se diminuísse essa diferença, até chegar-se a um acordo comum. Creia que nunca foi dada qualquer publicidade, exceto, quando se faz uso da tribuna, dentro de um processo democrático, de debater os interesses da Cidade. Mas peço licença para discordar do Sr. Secretário, acho que as coisas não estão no problema dos preços que existe, muito menos na questão estrutural, mas fundamentalmente, hoje, na era do "shopping center", onde temos em qualquer ponto geográfico da Cidade, ar condicionado, estacionamento, ausência de outras concorrências próximas, transporte adequado, segurança interna e externa, higiene, organização, banheiros grátis, melhora de qualidade de atendimento em caráter permanente das grandes estruturas particulares foi o que realmente "derrubou" com o Mercado Público.

Tenho certeza de que o Senhor conhece outros mercados públicos em outras cidades do País. Confesso que, nos últimos 6 meses, fui 14, ou 15 vezes no Mercado, algumas vezes com um conjunto de Vereadores, outras sozinho, outras com a família. Em quase 100% delas me senti muito mal por coisas incompatíveis em  relação à compras. O problema de estacionamento é incrível. Em qualquer supermercado temos nos hortifrutigranjeiros muita sofisticação. A grande atração do Mercado era a possibilidade de se comprar gêneros coloniais não contaminados, não sendo provenientes da nossa agroindústria. Hoje quase 90% das bancas do Mercado vendem produtos agroindustrializados, envelopados  com plástico, como é o caso dos fiambres, antes comprávamos "in natura" sem agrotóxicos. Hoje quase todos os produtos são agroindustriais e encontrados em qualquer minimercado de fim de linha. Ninguém vem ao Centro para ir às Bancas 42 e 43, que eram a grande atração pelos seus produtos coloniais; hoje,  tudo vem envelopado, e compramos "nabos em saco", mais do que isso o problema da extinção do que era mais tradicional no Mercado, por exemplo, a nata batida com morangos e frutas e seus caldos maravilhosos. Era uma Banca imensa, inteira, bem organizada, com ventiladores no teto, era uma maravilha arquitetônica, no meio do Mercado. Hoje, se transformou em meia dúzia de mesas a volta de uma Banca que vende de tudo, menos, e quase nunca aquela salada de frutas  maravilhosa, que se comia, antigamente.

Agora, o que me deixa impressionado, e o Senhor tem toda a  razão,  é em relação ao questionário que, realmente, tem os seus defeitos, mas que, no seu conjunto, foi de extrema importância, porque coloca opiniões de pessoas. Muitas perguntas  têm o dom de conduzir a opinião, o Senhor tem toda a razão, mas é fundamental que o Senhor lesse algumas opiniões em relação às reivindicações. Já que o problema, também, é estrutural, por que não usar maior elasticidade, inclusive para aqueles quatro inadimplentes, que nós sabemos quem são e conhecemos bem?  São pessoas de classe média baixa, não são pessoas que fizeram fortuna no Mercado e que não têm posses maiores a não ser aquelas bancas e são pequenos proprietários. Eu constatei isso, porque esses inadimplentes não o são por vontade própria, mas por um contexto, onde, indiscutivelmente, e, aí, eu gostei muito da sua postura, a SMIC é participante e pode, sob todos os pontos de vista, fazer, numa elasticidade maior, este tipo de aproximação. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE:  Com a palavra o Ver. Fernando Záchia.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: O Ver. Sebenelo falava que temos que diferenciar o Mercado Público de "shopping center". A Prefeitura, quando fez esse projeto de reforma,  estabeleceu  os conceitos de algumas coisas que comporiam esse quadro de reforma  e um item presente era a modernização do espaço, mas que jamais teria  a característica de querer competir com uma estrutura de "shopping center", porque não teria sucesso. Essa leitura foi feita pelos técnicos até porque são competentes e se envolveram nesse projeto.

 Discordo do Secretário Vianna Moraes com relação ao baixo movimento do Mercado Público, pois a construção e ampliações de novos "shopping" porque  o mercado dos  mesmos,  nesse período de crise,  está aquecido dentro das suas limitações,  porém  no Mercado Público ocorre o contrário: Estamos constatando uma diminuição  de freqüência e conseqüentemente uma diminuição  de giro financeiro dentro do Mercado Público e essa diminuição está fazendo com que  os permissionários estejam em uma situação financeira dolorosa.

Eu participava, juntamente com Vossa Senhoria, de um programa de televisão quando o Presidente da Associação dos Permissionários nos mostrava os dados comparativos dos preços aplicados naquele momento em açougues e peixarias dentro do Mercado Público, comparativamente com preços oferecidos por grandes cadeias de supermercados em Porto Alegre e mostrava uma redução de preço considerável. Vejam, não era uma promoção ou algo que fosse esporádico. O Antônio dizia que era  uma normalidade dentro da vida do Mercado.

 Mesmo aplicando preços baixos,  o Mercado Público mostra, Ver. Eliseu Sabino, que tem uma diminuição acentuada em relação à freqüência de público  tendo em vista a sua história antiga. Claro que o Executivo, através de seus Secretários e de seus assessores, como nós Vereadores, temos a preocupação porque não é esse quadro que nós queremos. Nós queremos um Mercado que sirva à população, um Mercado até que justifique essa obra grandiosa, que tenha lá uma freqüência razoável, que mantenha esses permissionários em dia com o Poder Executivo, pagando o que eles devem realmente pagar, não ficando nessa situação de inadimplentes, que é uma situação que não interessa a ninguém. Alguma coisa tem que ser realizada conjuntamente com os permissionários, com o Poder Executivo para que se tenha novamente um Mercado um pouco mais ativo. Sabemos que o momento é difícil de competir em termos mercadológico, mas tem que ser criado meios, para que o Mercado possa ter movimento e, conseqüentemente,  diminuir os seus problemas.

Parcelamento da dívida, eu pediria a V.Sa., se alguma coisa pudesse ser viabilizada em termos de aumentar o prazo de pagamento para que pudesse dar condições a esses 3 ou 4 que são inadimplentes históricos, que pudesse aumentar um pouco mais esse prazo para viabilizar de uma vez por todas.

Colocaria que,  nessas reuniões,  quando se discutia a reforma do Mercado, que participavam em algumas delas os permissionários ou os seus representantes, na grande maioria, se discutia a reforma ampla do Mercado e, não, a redistribuição das lojas. O que os permissionários me disseram é que, nessas reuniões, se discutia a reforma do Mercado no seu todo e, não, que ali seria feita a nova recolocação dos permissionários e que a isso alguns deles seriam contrários.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Vera. Anamaria Negroni.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Com relação ao problema colocado pelo nobre Ver. Záchia, nós corroboramos totalmente porque na realidade os permissionários que ali estão há muitos anos, que vêm de família, é tradição e já, há 80 anos, estão ali, V. Exa. tem conhecimento disso. E se estão hoje inadimplentes, não querem estar inadimplentes. Eles estão inadimplentes por "n" razões: por não vender, por terem sido mudados os seus locais, por ter havido uma reestruturação, muitos deles foram muito prejudicados com esse reescalonamento.

Outra questão é o pátio central no térreo, que no momento da reforma foi estudado para que fosse destinado às bancas de hortifrutigranjeiros. Hoje está aberto, e os vendedores de hortifrutigranjeiros estão dispostos nas laterais ou  8 permissionários dentro de uma única banca, fazendo concorrência entre eles mesmos, uma coisa totalmente impossível.

Entramos, então, com um projeto autorizativo nesta Casa no sentido de se colocar quiosques para que essas pessoas fossem beneficiadas, já que no momento da reestruturação do Mercado eles contribuíram com a parcela deles com relação ao fundo para a construção. Vemos como mais do que justo que eles recebam, também, um local digno para vender seus produtos.

Na volta do Mercado existe uma concorrência desleal com essas pessoas que há pouco mencionei, onde essas pessoas estão ali, não existe uma fiscalização para coibi-los de estarem à  volta do Mercado e eles estão fazendo uma concorrência desleal com os permissionários do Mercado, que pagam condomínio, que contribuíram  com o fundo de restauração  e que não tem hoje um quiosque ou banca para expor e vender os seus produtos.

Quanto ao problema da inadimplência não é só um problema social de hoje, mas o senhor colocou que eles estão vendendo mais caro que os supermercados, o que não ocorria antes. É lógico, embora hajam contribuído com  a reestruturação, pagam hoje uma taxa majorada, contribuem com o fundo, com um condomínio maior.

Além disso, os inadimplentes, embora tenham um contrato bilateral - nesse caso entre a SMIC e o permissionário - não têm recebido, de acordo com denúncias deles, a sua cópia. Peço-lhe, quanto a todos esses reescalonamento de dívidas, eu gostaria que nós, Vereadores, tivéssemos condições de ter cópia dos contratos para que tivéssemos condições de avaliar, já que, conforme mencionado, os juros são exorbitantes. Sendo assim, vai ser muito difícil que eles consigam atender os seus compromissos. Muito grata.

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Secretário está com a palavra, para responder.

 

O SR. JOSÉ LUIZ VIANNA MORAES: Quanto à banca nº 40, a tradicional banca de sorvete, de bomba, de salada de frutas com nata batida, ela é hoje maior do que era antes da restauração. O que muda é que o permissionário não colocou ainda, na parte  do pátio, o conjunto de mesas a que ele tem direito no espaço que é privativo seu do pátio. No momento  ele pode colocar mais mesas do que tinha originalmente. Na verdade eles estão aguardando a chegada do verão, quando aumenta o seu movimento. A Banca nº 40,  foi uma entre as três bancas que optaram por não se relocalizar provisoriamente durante as obras e ficaram fechadas. Os outros optaram por funcionar em outros locais.

Eu gostaria de ressaltar que é impossível nós imaginarmos um processo de restauração, como este que foi feito no Mercado Público, sem que isso gerasse, durante as obras, alguns transtornos.

O Presidente dos Permissionários do Mercado Público Antônio Melo mostrou-me um jornal de Portugal onde falava da restauração do Mercado da Figueira - isso foi há um ou dois anos  - havia uma dúvida se o nosso era ou não uma cópia  e o jornal tirou essa dúvida, pois o nosso Mercado não é cópia. E falava da disputa que ocorria naquele momento entre o executivo municipal da cidade e o Mercado  Público da Figueira, porque  o conjunto dos permissionários foram retirados porque ele fechava para ser restaurado. Sem dúvida, fazer a restauração como fizemos levou mais tempo e isso é uma coisa que deve ser compreendida. O processo de restauração começou em 1990 e não está concluído.  Foram concluídas  as obras, mas o conjunto do processo de restauração ainda não está concluído. A programação visual, como foi respondido ao Ver. Adeli Sell, está agora sendo contratada para ser executada.

Em março se fez a entrega das obras para lembrar a população de que o Mercado estava funcionando e fazendo, com isso, que ela retornasse de imediato  àquele local. Nós tivemos permissionários que não foram deslocadas e que não precisaram parar o trabalho durante a obra geral, mas precisaram parar quando reformou a sua banca.

A questão que foi colocada com relação  ao  shopping center  levanta dois aspectos. Primeiro  que o shopping center rouba  a clientela do Mercado Público  e o outro,  o problema  do Mercado Público ficar parecido com o shopping center.  O fenômeno dos “shopping center” tem provocado um processo de  concentração  comercial na cidade de Porto Alegre, certamente em outras cidades também,  que não é só do Mercado Público, mas, por exemplo,  dos bairros também. A Associação Nova Azenha é contumaz  e, permanentemente, está colocando essa questão de que o  shopping center retira o público  do tradicional comércio de rua. Os “shopping center” vêm trazendo este problema para o conjunto dos  bairros.  

Sem dúvida nenhuma, no centro de Porto Alegre, há  dificuldade de estacionamento,  300 mil pessoas todos os dias enxergam o Mercado Público,  portanto, o estacionamento traria um  público  adicional ao Mercado Público,  esse público que tradicionalmente freqüentou o Mercado pode continuar freqüentando. Há um problema muito sério de segurança, há um problema  sério de segurança em todo o Centro da Cidade. 

A Prefeitura procurou fazer a sua parte no sentido de viabilizar a restauração,  a modernização de toda a infra-estrutura do Mercado Público  sem que isso significasse, disse  muito bem o Ver. Záchia,  transformar o Mercado Público  em shopping center, porque isso o descaracterizaria.  Fizemos  toda a modernização da sua rede de infra-estrutura, mas o Mercado Público manteve a sua característica de Mercado. Se olharmos  do ponto de vista da obra, o que foi feito?  Levantou-se o telhado para recuperar a percepção de que o prédio tinha dois andares, afastaram-se as bancas das arcadas para se recuperar  a percepção de que o Mercado tinha um pátio interno, pátio esse limitado  por um conjunto de arcadas muito bonitas.  Concretamente essa foi a restauração feita  do ponto de vista  arquitetônico. No mais, foi  pintar,  limpar e  modernizar toda a rede de infra-estrutura. Nobre Ver. Záchia, a retração das vendas  é geral, claro que isso se dá de forma  diferenciada num local e outro, pode  ser mais intenso num local e menos intenso em outro.

Agora, de fato, participamos de um  programa na televisão onde  o meu caro  Antônio Mello,  Presidente da Associação dos Permissionários do Mercado Público colocava  o preço do peixe e o preço da carne como exemplos. O mesmo Antônio, baseado na mesma pesquisa, na sexta-feira, no Programa Flávio Alcaraz Gomes, disse que os preços do Mercado Público são um pouco mais caros do que o preços das redes de supermercados. Os preços do Mercado Público estão mais caros do que na rede de supermercados. Isso é algo que deve ser enfrentado. O Ver. Cláudio Sebenelo dizia das especiarias que só eram encontradas no Mercado Público,  hoje nós as encontramos em todos os lugares. É verdade. O Mercado Público tem que manter esta característica, porque caso contrário é mais cômodo ir ao supermercado. Se eu encontrar cogumelos secos, se eu encontrar as especiarias mais finas até cabeça de galinha em quilo, que é algo que se encontra no Mercado Público e não em supermercado, se começarmos a encontrar isso no supermercado, com facilidade de estacionamento, perto de casa, ar condicionado e ainda com preços vantajosos aí não vai dar. É necessário que os permissionários do Mercado Público se movimentem encontrando novos atrativos de venda. Essa é uma função do comerciante que está lá. Na licitação dos novos espaços fizemos uma pesquisa e estamos exatamente tentando manter esta característica, de especialidade do Mercado Público.

Quero chamar a atenção para o seguinte: nem todos os permissionários inadimplentes estão necessariamente há vários anos ou são necessariamente pequenos. Gostaria de repetir uma situação que coloquei antes: temos uma tradicional floricultura no Mercado Público, com um tradicional permissionário. Este permissionário tradicional  nunca atrasou. Ele faleceu e depois do seu falecimento quem passou a tratar foi o seu gerente e desde aí esta floricultura atrasa permanentemente  o pagamento. Já mandei chamar os herdeiros para conversar, porque com o gerente o assunto não se resolve,  e os herdeiros parece que não estão muito interessados porque não vêm conversar. Então neste caso não é o tradicional permissionário daquela banca. Uma das peixarias é uma grande estrutura que atravessa dificuldades, concretamente.

Uma questão que é importante de destacar, que a Vera. Anamaria Negroni colocou é de que vários permissionários foram prejudicados com o critério de remanejamento. Eu gostaria de retomar essa questão. Entre março e julho de 1995 nós fizemos um conjunto de reuniões com os permissionários do Mercado Público, onde definimos os critérios, entre eles, o de transferir o menor número possível de permissionários; estabelecer algumas áreas que por questão de infra-estrutura não teriam açougue nem peixaria ou restaurante, para sair mais barato para a Prefeitura, para não ter que colocar em todo o Mercado Público a rede de água servida, por exemplo;  resolver o problema de como é que seria feita a exaustão se tivesse um restaurante no miolo do Mercado, entre outros.

 Feito isso, nós fomos para uma reunião com todos os permissionários do Mercado Público,  apresentamos os critérios, que já haviam sido discutidos em reuniões anteriores. Mais da metade dos permissionários disse que estava satisfeita com os critérios e foi embora. Com os outros nós tivemos meses de discussão para procurar ajustar. Quando finalmente ajustamos os critérios e ficou definido que a loja número tal seria um açougue, a loja número tal também, foram os permissionários, através da Associação, e não a Prefeitura ou a equipe técnica que fez o projeto, que disseram: fulano vai para esse lugar, beltrano vai para aquele. Eles decidiram que o critério é antigüidade e que, alguns casos, o critério do sorteio.

Se nós pegarmos como exemplo o açougue de um módulo, teremos uma situação exemplar. O açougueiro mais antigo de um módulo dentro do Mercado Público tinha um lugar muito pouco privilegiado -  entrando pelo portão da Praça XV, à esquerda junto à arcada, bem longe do portão e da principal circulação. O segundo mais antigo tinha um lugar muito bom: entrando pelo portão da Praça Parobé, a primeira banca à esquerda. Os dois tinham que ser remanejados, de decisão sobre quem tinha que ser remanejado. O critério foi da Associação dos Permissionários. Eles decidiram que, no caso de açougue de um módulo, o critério é antigüidade. Portanto, o primeiro a escolher, conseqüentemente, foi o mais antigo e está num local excelente, e não tenho dúvidas, vende muito mais do que vendia. O segundo a escolher foi o segundo mais antigo, que tinha o local originalmente melhor, e foi para um local, de fato, não tão bom como tinha antes. Eu  não pude intervir, porque o critério era deles.

É importante lembrar que, certamente, aquele açougueiro, que era o mais antigo e que foi para o melhor lugar, nunca procurou ninguém para reclamar, porque seu lugar está muito melhor do que era antes. Evidentemente há aqueles que estão se movimentando, legitimamente, organizando-se e buscando melhores posições.  É importante compreender isso.

 

O SR. PRESIDENTE: Temos cinco Vereadores inscritos. Quatro desses Vereadores são do mesmo Partido, PDT. Pergunto, se podemos fazer um só bloco de perguntas com os cinco Vereadores? (Pausa.) Já que há concordância, o Ver. Renato Guimarães está com a palavra.

 

O SR. RENATO  GUIMARÃES:  Sr. Secretário da SMIC, a maioria das questões aqui colocadas já foram esclarecidas, mas eu gostaria de destacar uma questão. Vivemos, sem sombra de dúvidas, a pior crise econômica que esta Cidade atravessou, pois ela está dentro de um Estado, dentro de um País. Temos enfrentado sérios problemas relacionados à questão do emprego informal. Cada vez mais nós temos pessoas desempregadas e que acabam indo para o emprego informal, ampliando, de forma considerável, o número de vendedores ambulantes desta Cidade. Nós não convivemos mais com vendedores ambulantes só no Centro da Cidade. As principais avenidas, os nossos principais centros econômicos  convivem com esse fenômeno  por causa desse estado todo de coisas que estão aí.

Uma pergunta que faço relacionada a isso é,  como a SMIC está tratando e pensa tratar, em nível de futuro, essa questão, num caráter mais geral?  Como é que ela pensa intervir nessa situação? Também deixaria outra pergunta, já ouvi várias exposições do Secretário em relação ao Mercado Público, mas eu fico sempre com um questionamento. Eu freqüentei, antes da restauração do Mercado, a sede da UAMPA, ela se situava  na parte de cima do Mercado, e nós freqüentávamos muito aquele espaço. A parte superior do Mercado público, antes da restauração, eram pouquíssimas lojas que funcionavam lá em cima, a circulação era quase nenhuma. Com o prédio sendo entregue, como isso está sendo avaliado?  Na impressão que eu tenho, enquanto visitante, que não se diminuiu a circulação do mercado; é o meu entendimento. Apenas ela flui de maneira diversa de como fluía no passado, porque se concentravam as atividades do mercado na parte do piso térreo.

Então, eu gostaria de saber se a SMIC tem dados sobre essa questão. A outra questão, em relação ao Mercado, é que, no meu entendimento, necessita-se medidas econômicas, por parte da Secretaria, no sentido de, por exemplo, atrair os setores mais pobres da nossa sociedade a vir freqüentar o Mercado para as compras. A bolsa, o pacote econômico do Mercado era uma das ferramentas que fazia isso. Então, eu vejo a necessidade de se fazer uma campanha nesta Cidade para enfrentar essa questão.

Eu, como consumidor, hoje, pesquiso nos jornais onde estão as principais ofertas da semana. Nós vemos os principais estabelecimentos comerciais, como o Big e Carrefour disputarem no preço, chegando a colocar, de maneira absurda, alguns dos seus preços muito abaixo do preço oferecido pelo comércio em geral. Eu perguntaria se está na perspectiva da SMIC, juntamente com a Associação, trabalhar esse tipo de iniciativa no Mercado de também disputar  preços, em relação  ao  comércio? Porque eu acho que, neste momento, esta é a grande questão. Por exemplo: a pessoa que saía de casa para ir ao Mercado comprar alguma coisa, ao saber que essa mercadoria no Big ou no Carrefour está abaixo, acaba indo nesses outros lugares. Que tipo de iniciativa poderíamos pensar para isso?

 

O SR. REGINALDO PUJOL:  Sr. Presidente, Sr. Secretário, a Casa entendeu de convidar o Sr. Secretário nesta tarde, aqui, para dois assuntos de relevância: a situação dos  permissionários do Mercado Público somada ao problema das chamadas "Vans", esse comércio que surgiu na Cidade, com o aproveitamento das Towners, para a venda de cachorro-quente, especialmente, na via pública de Porto Alegre.

Lamento que esses dois assuntos  sejam unidos num só,  pois, ainda que não excludentes entre si, o conflito se dá devido à magnitude de cada um deles. Tanto que nós estamos discutindo muito mais os problemas do Mercado Público,  já estamos trabalhando nas conseqüências, do que o problema do licenciamento das Vans, da regulamentação e do regramento dessa atividade, o que seria tratar de uma assunto na base,  porque, em verdade, ele começa a se instalar agora,  está tomando proporções e se alega a inexistência de uma legislação que contemple, especificamente, essa situação, o que impede o regramento. E nada mais negativo em uma atividade que a inexistência de regras que determinem o que é e o que não é possível.

 Neste particular o nosso enfoque é no sentido de que temos que trabalhar com urgência para que seja identificada e com clareza essa situação, e, se existe ausência de regramento, que se providencie com brevidade a superação deste vácuo. Pessoalmente, entendo que não existe ausência de regramento, porque a lei existente, hoje, contempla de forma expressa quem utiliza veículos automotores; hoje temos uma situação muito contraditória em Porto Alegre: a maioria dos chamados vendedores ambulantes é detentor de um ponto fixo, o que descaracteriza, por inteiro, a situação de vendedor ambulante. O que se discutiria seria permitir, ou não, que os vendedores ambulantes pudessem estacionar em determinados locais.

 Esta é a tônica do que dispõe a legislação, hoje, e nisso se enquadra, por inteiro a situação dos vendedores que estão surgindo na Cidade, vendendo alimentos, cachorro-quente, especialmente nas Towners.

 Quanto ao Mercado, me somo às preocupações trazidas à consideração do Secretário, enfatizando que a comissão informal que tem tratado do assunto tem buscado, não transformar o assunto em polêmica pública, mas sim contribuir, objetivamente. O Mercado teve uma transformação, até mesmo nas suas condições estéticas, o que, a meu juízo pode, de certa forma, prejudicar a sua tradicional funcionalidade  de lugar de venda de mercadorias picotadas - as que se vendem a granel, em pequenas quantidades, com preço que nem sempre é o menor -,  já que isso dava uma característica toda especial à atividade desenvolvida no Mercado Público.

 Não há dúvida, Sr. Secretário, de que os documentos  passados às suas mãos, que V. Exa. comentou, amplamente, denotam que houve algumas quedas de comercialização no Mercado que não podem ser colocados no rol da queda geral, que alegadamente ocorreram nas atividades econômicas do País, porque o que registram os termômetros da economia é que desse ramo de secos e molhados, e de alimentação, não se registram esses fatos. Até houve um incremento de venda nesse particular, não sendo plausível que isso só possa valer no restrito ambiente do Mercado Público Central. As informações nacionais e localizadas que se têm é de que a área de abastecimento não foi tocada por nenhuma quebra da atividade, ao contrário, registra-se, ao longo do Plano real, um aumento do nível do comércio praticado na área de supermercados e similares.

Por isso, Sr. Secretário, eu entendo que a validade de sua vinda aqui é, sobretudo, para que se faça um diálogo civilizado e conseqüente em torno desses dois assuntos. Aqui não se quer proteger inadimplentes, não é esse o objetivo. O problema é que entendemos que com relação aos permissionários do Mercado Público Central há uma disparidade, promotora das modificações que ali ocorreram, e para tal tem que contribuir no equacionamento de alguns problemas, que o senhor mesmo reconhece serem possíveis de resolver.

De outro lado, com relação às Vans, é necessário que, com a urgência devida, se busque o regramento ou o esclarecimento do regramento já existente, a fim de que essa atividade, que não pode ser desconhecida, se realize na Cidade dentro de uma normatização clara e precisa. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Gerson Almeida.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Em primeiro lugar, quero cumprimentar o Secretário José Luiz e demais trabalhadores da SMIC que o acompanham. Serei bastante breve, mas como esse tema sobre o Mercado Público, especialmente, chegou a monopolizar alguns debates não só nesta Casa, mas fora dela também, hoje, estamos tendo a oportunidade de discutir com o Secretário, que acompanha diariamente, há vários anos, todo esse processo.

Primeiro,  quero parabenizar V. Exa. pela obra do Mercado Público, porque essa belíssima obra, que há muito tempo estava para ser feita,  e  se tornou realidade agora, acabou estabelecendo uma inversão de  abordagem,  porque vários problemas, e que sempre haverá de ter em questões grandiosas como essa, acabaram sendo  principalizados em relação à obra em si, que foi uma grande conquista da Cidade.

A obra não está ainda acabada,  talvez só a primeira etapa, e, até onde sei, estamos  com editais para que a parte superior do Mercado, seja ampliada porque está bastante desqualificada. Então,  gostaria de saber em que pé está isso, se tem tido pouca  procura ou não em relação às bancas, porque tem sido dito  por vários Vereadores que, depois da  conclusão das obras do Mercado, diminuiu o comércio e que isso seria uma demonstração de que ou o Mercado se elitizou ou de que a população não teria gostado das obras lá feitas. Não tenho nenhum dado para dizer que isso realmente aconteceu, não sei se a Secretaria tem algum dado sobre isso. Mas  conforme a Associação Gaúcha  de Supermercados e as informações de todos os comerciantes, o comércio em geral teve uma grande retração no último período acarretada pela política econômica perversa que tem sido imposta ao nosso País. E, dito isso, quero contestar de forma cabal,  como já o fiz da tribuna, a idéia de que o Mercado está doente. O Mercado Público, ao contrário, começa a se recuperar de um longo processo de maus cuidados, da degradação a que foi submetido ao longo do tempo e agora está começando o processo de recuperação para mais cento e poucos anos de bons serviços e de boa relação cultural, histórica e comercial - como local de abastecimento público da cidade de Porto Alegre. 

Nesse sentido, gostaria de concluir  dizendo que apesar de meritório e importante o cuidado que devemos ter com cada um dos permissionários inadimplentes ou não, parece-me que não é a melhor abordagem a Câmara de Vereadores se preocupar com um ou outro permissionário que não esteja cumprindo em dia suas  obrigações, porque  me parece que é  obrigação da Prefeitura  fazer com que os permissionários daquilo que é público - não é do Secretário , não é do Prefeito - cumpram rigorosamente os seus compromissos para com a Cidade e, no caso de não estarem fazendo isso, que possamos dar lugar a outro que por critérios democráticos e de licitação,  podem ocupar bem os próprios municipais.

De qualquer sorte, acho que a própria disponibilidade e o exaustivo processo de negociação que a Secretaria tem feito com os permissionários já demonstra por si só a boa vontade e a disposição para se chegar a um bom contento. No entanto, não podendo chegar a isso, porque são as duas partes que resolvem se uma solução vai ser feita de comum acordo, o interesse público deve permanecer. E o interesse público é de que os próprios municipais sejam bem usados e cumpram com suas obrigações públicas.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Guilherme Barbosa.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente , Sr. Secretário e Srs. Vereadores, vou ser bastante breve pelo adiantado da hora e porque muitas intervenções já abordaram assuntos que gostaria de tocar. Com relação aos veículos que são transformados em lanchonetes ambulantes eu quero juntar minha voz na direção da regulamentação desse processo, desde que os aspectos de trânsito, comerciais e sanitários sejam atendidos. São pessoas que estão querendo trabalhar e merecem ter o apoio a partir dessa abordagem.

 Com relação ao Mercado Público, quero dizer que, juntando a minha opinião  a da própria Associação do Mercado , ele não é um “shopping” e nem deve ser, portanto acho que é um tanto contraditório quando se pensa em ar-condicionado ou coisa assim. Não devemos ir por esse caminho. Estacionamento não tinha antes como não tem agora. Para que consigamos solucionar um problema é preciso, de fato, diagnosticá-lo bem, portanto precisamos ter cuidado com algumas avaliações que acontecem,  porque pode dar algum diagnóstico errado. E eu acho que é o caso que alguns fazem, que se leva a concluir que, talvez, a redução que tenha acontecido na freqüência de pessoas ao Mercado, seria pela reforma, ou seja, que um local mais limpo, mais organizado, espanta as pessoas. Nós não podemos, de forma alguma, seguir esse raciocínio. Acho que o Secretário colocou muitos dados e é evidente que todos nós, juntos, temos que tentar solucionar. É uma boa idéia a cesta popular e algumas outras iniciativas que consigam atrair as pessoas ao Mercado, inclusive baixando os preços.

 Quero perguntar a respeito da licitação das novas bancas e se é confirmada a informação de que tivemos muitos interessados para cada uma das novas bancas e que, inclusive, seria um dado que desmentiria o diagnóstico de que o Mercado estaria muito doente porque, do contrário, as pessoas não gostariam de lá estar. Quero-lhe cumprimentar pelo trabalho, juntamente com a equipe da SMIC, de grande qualidade que foi feito no Mercado e que continua fazendo até agora.

 

O SR. PRESIDENTE: O último inscrito é o Ver. José Valdir. V.Exa. está com a palavra.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Quero cumprimentar o Secretário e dizer-lhe que algumas questões que eu iria formular já foram feitas, como é o caso da cesta popular. Mas ainda tenho uma questão e um comentário. A questão que quero saber, até para compararmos, não sei se já foi objeto de explicação do Secretário, é quantos são os adimplentes e quantos são os inadimplentes, até para que tenhamos a comparação em termos numéricos e podermos avaliar qual a dimensão da crise.

O comentário que quero fazer sobre o Mercado é que não podemos ficar tendo uma posição saudosista. Na verdade, o Mercado tem que preservar, de um lado, a história e, de outro lado, tem que  incorporar elementos da modernidade, que foi exatamente o que foi feito em sua recuperação,  que era tão criticado pelo abandono e, agora, muitos reclamam de que talvez teria-se ido muito longe nessas modificações. Quero dizer que o Mercado Público não está imune às leis de mercado, portanto, essa situação que estamos vivendo hoje tem a ver com a crise geral que estamos vivendo e a competitividade é um elemento importante e tem que ser contemplada quando se analisa o problema do Mercado Público, na questão da retração das vendas. Isso foi ilustrado com pesquisa que o Secretário trouxe.

Com relação  à questão das Vans que o Ver. João Dib coloca, eu discordo e não acho que essa situação seja oriunda de uma permissividade inicial,  se tivesse coibido a instalação da primeira, teria resolvido o problema. Essa é uma questão relacionada com a crise que estamos vivendo, e a cada dia está crescendo a economia informal de uma maneira incontrolável, e até criativa, por parte do povo que encontra formas alternativas de sobreviver. Acredito que o próprio fenômeno das leis de mercado - apesar de eu não ser defensor disso -  neste caso, irão se encarregar de coibir os excessos. A  febre desse tipo de equipamento na Cidade me lembra a febre da instalação de vídeo locadoras, onde em qualquer canto onde íamos tinha uma vídeo locadora. As leis de mercado se encarregaram de colocar as coisas num padrão razoável, passada essa instalação desordenada num primeiro momento, num segundo momento viu-se que não havia mercado para tudo aquilo e houve uma acomodação natural. Neste caso,  as leis de mercado funcionam. Muito obrigado.

 

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI (Questão de Ordem): Gostaria de contar com a gentileza do nobre Secretário no sentido de S. Exa. atender às perguntas que fiz pois algumas não foram respondidas.

 

O SR. JOSÉ LUIZ VIANNA DE MORAES: Desculpe-me, nobre Vereadora, se não respondi alguma pergunta.  A primeira questão que a Vereadora colocou é que os permissionários inadimplentes estão há vários anos; eu respondi que nem todos.  Outra pergunta foi de que muitos foram prejudicados no remanejamento. Creio ter respondido essa com o exemplo do açougue e os critérios do remanejamento.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereadora, não há possibilidade de fazer o diálogo. O Secretário tem anotadas as suas perguntas. Quem sabe V. Exa. faz, depois, as perguntas diretamente ao Secretário?

 

O SR. JOSÉ LUIZ VIANNA DE MORAES: Essas duas perguntas eu já havia respondido. A nobre Vereadora  colocou que a taxa de permissão de uso foi majorada. De fato ela foi majorada. A taxa, em valores atuais, era 25 reais por mês,  na média; agora é 520 reais por mês, na média. Elas, de fato, foram majoradas.

 Respondendo a questão do comércio ambulante, que o próprio Ver. Renato Guimarães colocou, o comércio ambulante, no conjunto do Centro da Cidade, nós procuramos estabelecer regramentos, procuramos mantê-lo sob controle. Nós não podemos esquecer  que existiam mais de 70 bancas de frutas e verduras cercando o Mercado Público, e que, no processo de restauração, nós retiramos estas 70 bancas. O que nós enfrentamos, hoje, é, nos horários de final de fiscalização, a invasão de algumas pessoas fazendo o comércio irregular, que a fiscalização, ao constatar, retira imediatamente. Este é um embate diário que ocorre. Mas não podemos esquecer que nós tiramos mais de 70 bancas que, inclusive, impediam o acesso ao próprio Mercado Público.

O pátio do Mercado Público, assim como as bancas que ficam no andar superior, nós estamos ainda concluindo uma série de questões. A obra, em si, foi feita, mas a restauração,  como um todo,  não está concluída e isto está dentro do processo de ocupação que vem vindo, que passa por licitações e que nós vamos dando seqüência.

A questão colocada pelo Ver. Renato Guimarães, se o andar superior será  fator de atração ou se diminuiu ou não a circulação no Mercado Público, que o Ver. Gerson Almeida e o Ver. Guilherme Barbosa também fizeram referência a isso, o andar superior do Mercado Público tinha uma outra destinação  que não Mercado Público. Ele não tinha condições de vingar como tal, porque ele estava isolado do restante do Mercado. Havia  um telhado que separava os dois pavimentos e os acessos eram apenas externos. Os quatro bares ou restaurantes que estão lá em cima estão tendo um bom afluxo de público. Eu não tenho nenhuma dúvida  de que a ocupação dos terraços  que está em processo de licitação e que a ocupação do conjunto das bancas do andar de cima vai trazer uma nova atração para o Mercado Público. Não tenho dúvidas de que o final de expediente nos altos do Mercado Público vai se constituir, muito rapidamente, em um espaço tradicional em Porto Alegre, e aproveito para dar a notícia de que mais de oitocentas pessoas  fizeram  o cadastramento prévio, e já temos agora, no processo de licitação,  definidos uma choperia, um restaurante de produtos naturais, um restaurante de grelhados e um  de frutos de mar. O processo licitatório será  concluído na próxima sexta-feira e, portanto, fico um pouco constrangido de falar mais detalhadamente para  não interferir no seu andamento.

Quanto à questão dos inadimplentes o Ver. José Valdir perguntou o número dos mesmos. Temos  cento e  sete permissionários em dia ou com aquela situação de menos de três meses de atraso, e isso sempre foi assim. A situação que considero preocupante é a de cinco permissionários. Desses cinco, um nunca tinha ficado inadimplente e por isso oferecemos  duas alternativas de negociação. Ocorreu que no andar da obra, como nós liberalizamos aquele procedimento de três meses de atraso, retira o que estava no regulamento,  por entendermos que a obra trazia algum transtorno,  ficamos com um número grande de inadimplentes e partimos para uma negociação. A negociação  era o pagamento de 40%  da dívida de uma vez e o parcelamento do restante em dez meses. Os permissionários  regularizaram as suas dívidas, mas passou a ser voz corrente no Mercado que pode atrasar porque depois a  Prefeitura negocia. Aqui me penitencio dizendo que o Secretário da Fazenda me alertou desse risco. Nós temos a situação de um permissionário, dono de um açougue, que,  inclusive,  é um dos cinco inadimplentes, que me disse: "Fui para um novo local, tive que fazer a obra e se atrasar para o fornecedor, o fornecedor não entrega, por isso, estou atrasando para a Prefeitura". Temos, por um lado, sem dúvida, que ter a sensibilidade do momento, ter a sensibilidade de que a obra ciou alguns transtornos, mas  nós temos, por outro lado, que saber que há limites para a possibilidade de ser condescendente em relação a isso.

Nós fizemos dois processos de negociação. O primeiro, 40% à vista, o resto parcelado em 10 vezes. Para quem fez essa negociação e novamente ficou inadimplente, nós fizemos uma outra negociação, até mais vantajosa do que a primeira, que era mudança contratual, retirando aquela cláusula contratual de multa de 10% ao mês mais 1% de juro, que, na verdade,  nem era aplicado, era aplicado 10% ao mês, e fizemos, para fim de acordo,  uma proposta de aplicar uma multa única de 30%. A maioria dos permissionários que estava inadimplente aceitaram. Por exemplo: tínhamos um permissionário com um dívida que iria a 43 mil reais. Com a nossa proposta de negociação, baixava para 24 mil reais. Esse permissionário está com 22 meses, quase 2 anos, sem pagar dentro do Mercado Público. Os outros permissionários aceitaram. Nós tivemos quatro que não aceitaram essas condições. Esse permissionário e outro que tinha uma dívida de 177 mil reais  e,  na proposta, nós baixávamos a dívida para 91 mil reais e dávamos 5 meses para pagar, o outro tinha 22, nós baixávamos para 12; o outro 41, nós baixávamos para 26. Considerando o tempo de inadimplência desses permissionários, a multa mais o juros caiu para 1,8% ao mês.

Parece-me que não é razoável, até porque esse não é o único próprio municipal que a Prefeitura administra. A Prefeitura retirou permissionários por inadimplência de vários outros próprios municipais. Não me parece que se possa dar condições ainda mais favoráveis do que essas para estes quatro permissionários. É sim - e nós não executamos até agora - perfeitamente razoável que mesmo os outros já tendo acordado, que eles venham a fazer o acordo que os outros fizeram, mesmo que tardiamente.

O que eu vejo, em realidade, é que há um limite para a possibilidade de negociação, e não me parece razoável que se negocie, se negocie, se negocie, quando as duas partes não chegam a um acordo, uma das partes é intransigente. Eu poderia, nessa mesma linha, dizer que a intransigência desses inadimplentes, que há 22 meses não pagam, em aceitar qualquer negociação, levou-nos a uma situação em que, lamentavelmente, não me parece que estaríamos administrando corretamente o patrimônio público se continuássemos postergando esta situação.

 

O SR. JOÃO DIB: Os cinco meses são fixos? Não há  como parcelar em dez, doze meses? Quem tem que pagar 90 mil em cinco meses, terá que pagar 18 mil por mês. É muito dinheiro. Talvez deva-se dar um prazo maior.

 

O SR. JOSÉ LUIZ VIANNA MORAES: Veja bem, Vereador, nós propusemos que eles pagassem 80, 90, 100, 110%, com prestações - do pagamento do atraso - crescentes.  Na verdade essa situação de dívida, e neste caso específico que vai ter esta prestação, não podemos esquecer que os problemas iniciaram fora do Mercado, quando houve o problema da loja que estava em outro local. Não me parece razoável que se possa esticar, prorrogar uma situação, inclusive dando vantagem em relação aos demais permissionários que negociaram as suas dívidas, mesmo porque isso autorizará  qualquer permissionário a deixar de pagar e depois exigir as condições tão vantajosas como as negociadas. Há um limite para isso. Sinceramente, nobre Ver. João Dib, tenho a impressão de que essas condições apresentadas eram o limite da possibilidade.

Se pegarmos os ramos específicos que são comercializados no Mercado Público, tentei buscar dados - veremos que o desempenho do ICMS para os subsetores do  primeiro semestre de 1997: peixe, uma redução de 39%. Então, é no geral, e, também, no que é comercializado no Mercado Público que a crise econômica está afetando.

 Pretendemos conduzir o processo de regulamentação da questão das Vans, inclusive as negociações com esta Casa, para que o projeto de lei, a resolução estejam já sintonizados, neste mês de novembro, mesmo porque o mês de dezembro é o mês quando todo esse setor da Secretaria tem que estar firmemente voltado para a fiscalização do comércio ambulante no período que antecede o Natal, que é o período mais crítico. Queremos ter esse processo concluído no mês de novembro, do ponto de vista do Executivo.

Agradeço a oportunidade de retornar a esta Casa. Reafirmo que as críticas que fiz ao questionário dos Vereadores, na realidade,  não era uma crítica à iniciativa dos nobres Vereadores e, sim, digamos, às fragilidades do questionário em si. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Guilherme Barbosa): Sr. Secretário José Vianna Moraes a Casa, através de sua Mesa Diretora, agradece a presença de Sua Senhoria e suspendemos a Sessão para as despedidas.

 

(Os trabalhos foram suspensos às 16h57min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz - às 17h.): Estão reabertos os trabalhos. Gostaríamos de justificar a nossa ausência, pois isso ocorreu em virtude de uma viagem que tivemos de fazer com urgência.

Apregoamos a Emenda  nº 28, de autoria do Ver. Lauro Hagemann, ao  PLCE nº 01/97 que institui  o Código de Proteção  contra Incêndio de Porto Alegre.  

A Vera. Sônia Santos está com a palavra para comunicação de Líder.

 

A SRA. SÔNIA SANTOS:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faltando  15  Sessões para o encerramento  do ano legislativo, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre ainda não devolveu à Câmara Municipal o II Plano Diretor. Há notícias de que o Executivo finalmente o remeterá nesta semana, nos condenando  a examinar matéria  de tamanha envergadura -  talvez  a mais nobre  na função  precípua de Vereadora -   a um prazo tão exíguo.  Cabe ressaltar  o prejuízo que esta Casa vem tendo num momento  grave da economia nacional,  mantendo  uma equipe de 20 técnicos especializados para analisar este Projeto. A mesma Prefeitura que nos faz gastar,  na espera da remessa do Plano que deveria ter retornado a esta Casa ainda no  primeiro semestre e que, sucessivamente, vem  sendo adiada nos apresenta um Projeto visando  um aumento de impostos.

Não poderia  me abster  de expressar a minha preocupação, se vier na quarta-feira,  como diz a Ordem do Dia, esta Vereadora, os  demais parlamentares, a onerosa equipe  de técnicos e a sociedade como um todo,  teremos apenas 15 Sessões para apreciar  e discuti-la  aqui na Câmara de Vereadores, que é o foro da sociedade para isso.  Aqui, na Câmara Municipal,  é que o Projeto terá de ser aprovado. Quem terá a coragem de aprovar um Plano Diretor de Porto Alegre para o novo milênio numa  discussão de apenas 15 Sessões. Isso é impossível.  Infelizmente, essa importante matéria será, mais uma vez, adiada. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora. )

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann em Comunicação de Líder.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o motivo da minha presença, nesta tribuna, hoje, é o pacote econômico decretado pelo Governo Federal. Esta Casa, como participante do grande circo nacional, não poderia ficar silenciosa a respeito daquilo que virá a afetar a vida de todos os cidadãos deste País. Devemos ter uma preocupação de não permitir que a estabilidade econômico-financeira deste País seja quebrada. Isso é uma condição assente entre nós todos, mesmo os da oposição. Esse Governo demorou 3 anos e só foi forçado a isso pelas circunstâncias internacionais para redefinir os seus rumos. Hoje, estamos pagando pela imprevidência do Governo Federal; e  isso foi há muito tempo advertido. Não queremos que a estabilidade seja quebrada, mas o peso que se vai abater sobre a sociedade brasileira com as medidas anunciadas, e elas ainda não foram objeto de uma análise mais acurada pela intempestividade com que foram anunciadas, só poderemos digeri-las nos próximos dias. É preciso que se diga hoje, aqui, já, que  essa situação já era prevista.

 Quero juntar isso  com a vinda do, neste último fim-de-semana, do candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, que disse, através dos meios de comunicação, que essas questões já haviam sido condenadas. Não queremos a desestabilização do real como moeda, mas o Real não é um fim, é um meio, e isso não foi observado. O Real foi estabelecido como um fim para a reeleição do Sr. Fernando Henrique Cardoso, e não é isso que queremos. Não temos uma posição deletéria. Queremos construir este País, nos marcos do ano 2000, de forma diferente. É isso que estamos alertando, e,  para isso,  estamos dizendo que essas coisas foram alertadas.

Com respeito ao pronunciamento da nobre Vera. Sônia Santos quero dizer que o Plano Diretor voltará a esta Casa. Ele lamentavelmente demorou, mas demorou porque injunções internas de vários segmentos da sociedade discutiram à exaustão o Projeto que virá a esta Casa. Quero tranqüilizar V. Exa. e a todos que comungam desta expectativa que nós teremos bastante tempo. Esta Casa não vai poder votar este Plano Diretor este ano. Temos que nos conscientizar disso. O próprio Executivo já sabe disso e vamos ter a metade do ano que vem - porque é um ano eleitoral - para examiná-lo. Esta Casa vai ter que abrir um amplo debate, reabrir o debate com a sociedade civil, com todas as partes interessadas, para que este Plano seja o retrato da Cidade para o ano 2000 em diante.

Temos graves problemas a enfrentar na  questão do parcelamento do solo urbano, na construção da sociedade futura. Estamos dispostos a socializar as informações que temos a respeito do andamento do Plano Diretor, que não é uma coisa fácil. A Cidade anoitece de um jeito e amanhece de outro. Por isso a complexidade do Plano Diretor, até porque temos que assentar o Plano Diretor numa Cidade que já está constituída, ou pelo menos parcialmente constituída, e aí reside a dificuldade.  Uma coisa eu gostaria de dizer,  com muita clareza, e que será objeto de nossa atenção: estamos preparando a Cidade para a era do automóvel, e a Cidade deve ser preferencialmente dedicada aos pedestres, aos moradores  que aqui transitam. Nós não queremos construir uma cidade para automóvel, queremos construir uma cidade para gente. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não pretendíamos usar a Liderança, exatamente porque a Casa se ocupou até há poucos minutos de ouvir o Secretário da Indústria e Comércio, que atendeu a um chamamento da Casa, sobre o qual já tínhamo-nos manifestado anteriormente alegando a nossa descrença nesse tipo de convocação que resulta no comprometimento das atividades da Casa e não traz nenhum ponto positivo. Ambas as situações, objetos da vinda do Secretário aqui, continuam na mesma, sem nenhuma perspectiva de solução ou de modificação.

Ouvindo a Vera. Sônia Santos, verifiquei que ela se ocupou do Plano Diretor. Ouvi também o Ver. Lauro Hagemann, que teve a cautela de dizer que os assuntos que hoje foram objetos do pacote anunciado à Nação ainda não tinham sido devidamente avaliados, razão pela qual só mais tarde se poderia ter uma manifestação mais conclusiva. Ainda que no pronunciamento do Ver. Lauro Hagemann ele tenha repetido alguns conceitos dos profetas que já há muito tempo têm alertado sobre o risco de o Plano Real, cedo ou tarde, sofrer modificações, eu fico restrito, nesta manifestação, ao debate que se instaura em torno do Plano Diretor, até porque li hoje em um jornal uma pequena notícia, que dizia: "Não se espere que a Câmara de Vereadores venha a votar neste ano o Plano Diretor." E eu preciso que seja dito alto e bom som que não esperem, porque isso é impossível. Seria inimaginável que um assunto que ficou dez meses em estudo no Executivo voltasse à Casa agora, e num fim de ano atribulado tivéssemos tempo para analisar, com a responsabilidade devida, esse assunto.

Não querendo estabelecer regras de proporcionalidade, no mínimo, esse assunto terá que ser analisado por nós pelo tempo compatível e similar com aquele que foi utilizado no Executivo.

Se alguém tiver a pretensão de arrancar uma decisão sobre o Plano Diretor, com todas as implicações que envolvem uma matéria dessa profundidade a toque de caixa, podem " tirar o cavalo da chuva" , porque não vão conseguir. Essa Casa não vai se curvar a qualquer tipo de pressão, venha da onde vier para, com açodamento,  decidir uma matéria de tamanha responsabilidade. Aliás, deve ser dito que, cautelosamente, nós temos colocado nesse particular e que temos confiado e  até elogiado o Executivo por ter anunciado que iria  retirar da Casa diante de propostas provindas de uma comissão de assessoramento técnico que nós diligenciamos, e ele demonstrou sensibilidade para que esse assunto fosse devidamente sopesado.

Se foi necessário ao Município para equalizar essa situação, tanto tempo de estudo com muito mais razão vai nos caber a sensibilidade de estabelecer um prazo para objetivamente e, de certa forma até com exclusividade, debruçarmo-nos sobre esse assunto. Não vai ser agora que temos que decidir sobre o IPTU, sobre o Código de Incêndio, sobre o Orçamento do Município que vamos ter tempo para cuidar desse assunto. Até porque, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,  o Plano Diretor foi novamente anunciado que iria retornar à Casa, só anunciado, porque ainda não retornou. Hoje, 10 de novembro, não está na Câmara de Vereadores. Não se diga que o Ver. Pujol está falando coisa nova, porque, no início do ano, disse na Tribuna que nós não tomávamos responsabilidade com absolutamente nada que viesse para esta Casa no final do ano legislativo e que ninguém nos iria empurrar goela abaixo.

Mantenho essa posição, ou seja, qualquer matéria que somente agora venha do Executivo para o Legislativo há de ficar para ser examinada para o ano vindouro. E se alguém pretender que deverá ser examinado para este ano, nós estaremos, desde já, independente da matéria, tomando posição contrária. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)  

 

O SR. PRESIDENTE: Para diminuir a angústia  dos Srs. Vereadores com relação ao tema, nós informamos que o Sr. Prefeito pediu para fazer a entrega do Plano Diretor, sua nova versão, na qual ele informa que considerou  em muitos aspectos as propostas feitas pela nossa equipe técnica, no dia 12, quarta-feira, às 14h, aqui neste plenário.

O Ver. João Dib está com palavra, em Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): V.Exa. se manifestou sobre angústias. Eu quero que fique devidamente esclarecido que, de nossa parte, não há angústia, há certeza de que esse Projeto, vindo agora dia 12, só vai ser objeto de definição no ano vindouro.

 

O SR. PRESIDENTE: Isso é uma questão de opinião. Eu estou angustiado com essa demora. Mas eu respeito a sua opinião.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. A Vera. Sônia Santos levantou muito bem o problema do Plano Diretor. Eu lembro do ano passado quando o Prefeito Tarso Genro trouxe a esta Casa, em fins do mês de setembro, o Projeto de Lei do II Plano Diretor, e eu dizia que era impossível ser examinado no ano passado, porque nós tínhamos menos de oitenta dias até o término da legislatura, e aí se incluía a eleição, o debate do Orçamento e do encerramento da legislatura. Foi o que aconteceu. Foi retirado; o Executivo não se entendeu muito bem e é claro que nós não temos condições de analisar em quinze sessões  como levantou muito bem a Vera. Sônia Santos.

Então, a população vai ter que esperar pelo Executivo, que levou muito tempo para acertar. Mas eu quero também dizer que está na Ordem do Dia para ser votado sob a égide do art. 81, o Código de Proteção de Incêndio. São muitos os telefonemas recebidos, muitas as correspondências recebidas e eu acho que não me foi respondida a Questão de Ordem que levantei. A sociedade não tomou conhecimento, por ampla divulgação, do que se tem da matéria que está contida, das Emendas que foram apresentadas, e a Sociedade de Engenharia me traz aqui, por exemplo, a Emenda nº 16, que propõe para os atuais prédios existentes a isenção de instalação de proteção por hidrantes e a isenção de adaptação da escada para sair de situações de emergência, ou a Emenda nº 18, cujo conteúdo não é aplicável. Está chamando a atenção de duas Emendas que foram apresentadas e que não tem como aplicar, e a Sociedade de Engenharia do Estado está fazendo. Portanto, eu acho muito importante que a divulgação seja feita.

Mas já que nós falamos hoje nas medidas editadas pelo Governo, eu havia feito um Requerimento para que fosse inserido nos Anais o editorial da revista Líder.  Dizia o seguinte: "Considerando o lançamento da  revista Líder, Idéia de Liderança, no  dia 6 do corrente, requer a inserção nos Anais desta Casa do Editorial nº 1 daquele periódico. Com singeleza e precisão, em muito poucas linhas, o editorial registra o rumo que a revista perseguirá. Neste sentido, formulamos votos de sucesso permanente em sua trajetória."

 Editorial: "O subdesenvolvimento não é um problema econômico, é um problema de natureza cultural. Vivemos em um País carente de líderes, onde as direções de comando não são, em grande parte, conquistadas em função do talento e da competência, assim como estudos empresariais, a Líder também nasce da irresignação com esse estado de coisas, com o compromisso de resgatar informações e princípios não-percebidos, mas que todo  verdadeiro líder deve considerar. Descubra quais são eles, virando as páginas desta revista".

Eu havia feito um Requerimento, Sr. Presidente, estou solicitando que ele seja retirado, porque os Anais da Casa já consignarão o editorial da revista Líder,  mostrando que o que realmente falta neste País é liderança. E não é só neste País, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que falta liderança, o mundo todo carece de líderes. Nós somos hoje liderados por um Estado, sem dúvida nenhuma, o mais importante do Universo, mas que tem, como seu líder maior, um Presidente que todas as falhas e todas as dúvidas para serem colocadas. Então, o problema é de liderança. E liderança não se está conseguindo porque as pessoas não estão atentas em dar de si alguma coisa, parece que estão mais preocupadas em tomar para si muita coisa. Muito obrigado. Saúde e Paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Com a palavra o Ver. Renato Guimarães em tempo de Liderança pelo Partidos dos Trabalhadores.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, o Partido dos Trabalhadores não poderia deixar de chamar a atenção,  nesta Sessão, para as medidas apresentadas, hoje pela manhã, pelo Governo Brasileiro para fazer frente a grave crise econômico-financeira internacional.

 Gostaríamos de começar, dizendo que o Governo Fernando Henrique Cardoso tenta manter, novamente, a aparência. Por que dizemos isso? Porque o Governo Federal há uma semana atrás dizia que a crise financeira internacional não traria prejuízo nenhum ao País, que os recursos que saíam dos Tigres Asiáticos, certamente viriam reforçar a economia brasileira. Isto diziam, há uma semana atrás, o Ministro da Fazenda e o Ministro da Reforma Agrária.

 É bastante contraditória a posição do Governo, hoje. Porque todos nós, que estamos aqui, sabíamos que a retirada de recursos daquele continente certamente não viriam para a América Latina, continuariam a reforçar as economias, os cofres dos bancos em Wall Street.

 Por que estamos destacando a questão? Porque o mesmo Governo que defende a  política da globalização não segue e não faz a leitura dessa regra: que tanto os prejuízos, como os ganhos da política financeira na questão econômica mundial são repartidos para todos.

Só que gostaríamos de destacar que, no caso brasileiro, os ganhos  ficarão nas mãos de poucos, os ganhos com essa crise econômica mundial, no caso dos brasileiros, ficarão nas mãos de poucos, ficarão nas mãos dos banqueiros, daqueles que acumulam o capital; e quem perde é todo cidadão brasileiro.

As medidas foram anunciadas hoje, pela manhã, e certamente teremos que nos deter mais no estudo dessas medidas e sobre suas repercussões no nosso bolso. Como há algumas medidas bem concretas, gostaria de destacar, por exemplo, o aumento do Imposto de Renda de Pessoa Física, que bate direto no bolso de cada cidadão brasileiro, a questão do aumento dos combustíveis e do gás de cozinha, com que teremos que conviver, a partir de quarta-feira.   Nós sabemos o que  esse aumento gera no preço da maioria dos produtos, pois a maioria dos alimentos é transportada, e teremos, sim, aumento de inflação em conseqüência dessas medidas. Indo além do que foi divulgado, por exemplo, o Governo anuncia que os cortes que vão atingir o Governo são de 15%, na área do custeio, e 6% na área do investimento, em nível federal. Outra preocupação que temos é de que  áreas de custeio esses recursos serão tirados.  E no investimento, onde serão os cortes?

Fazemos questão de destacar que, nesta Sessão, e certamente em várias Sessões Plenárias em câmaras de vereadores e assembléias deste País está-se destacando esse tema para ressaltar essa questão: era ou não necessário um ajuste no Plano Real? No meu entendimento era necessário, mas quem paga esse ajuste? No nosso entendimento, no entendimento do Partido dos Trabalhadores, quem teria que pagar por um ajuste é quem acumula capital, é quem acumula riqueza, e não, novamente, o povo.  Esse Plano, Sr. Presidente,  que está sendo apresentado, inicialmente, como pacote fiscal, quem paga é todo o cidadão brasileiro, e isso, mais uma vez, demonstra como nós estamos tratando a questão econômica. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu acredito que a partir de hoje entra o País numa nova correlação de forças. Isso porque, no nosso entendimento e no  de muitos analistas, a sustentação do Plano Real, que vinha dando um respaldo até certo ponto sólido em termos de opinião pública para o sistema presidencial, para o sistema do Sr. Fernando Henrique Cardoso, a partir deste Plano de hoje e suas conseqüências em cima da classe trabalhadora serão funestas e poderão, sim, mudar, transformar as correlações de força para o ano que vem.

É claro que ninguém tem o dom da visão antecipada e ninguém dispõe de uma bola de cristal, mas pelas circunstâncias que o Plano hoje se delineou, não há dúvida de que os grandes prejudicados são os trabalhadores, são os funcionários públicos. Falando em funcionários públicos, num país que deveria se preocupar melhor com a disponibilidade da sua máquina pública, lamenta-se a situação terrível em que se passa a comemorar os mil dias de não-aumento, de aumento zero. Surpreendemente o Plano diz que no ano que vem não vai haver novamente aumento para o funcionalismo, como se isso fosse uma das coisas que solucionaria a política econômica do País. Quanto ao imposto de renda, é a classe média que sustenta o País. Não foi taxado o capital, não se viu uma medida em cima do capital, só em cima do trabalho.

 Então, o que se vê aí é uma vesguice para se enxergarem as questões de aumento da arrecadação em cima de quem já está superonerado. Para efeito de posse, admitir-se-ia até um aumento moderado da gasolina, mas não do óleo de cozinha, que vai em cima das classes menos privilegiadas deste País. Então, se quisessem  dizer que se aumentaria  a arrecadação por questões de falência do Plano Real, tinha que se separar o joio do trigo, tinha que se buscar aonde estão aqueles que são menos onerados e aonde estão os mais onerados. Não há dúvidas de que não se precisa entender nada de economia para se saber  que, com as medidas, se recaiu exatamente em quem "carrega o piano", em quem carrega a renda nacional, que é a classe média e os demais trabalhadores do País,  quando se taxa o gás de cozinha, quando se busca,  através do aumento da alíquota do Imposto de Renda, quando se diz que não vai-se aumentar o funcionalismo, como se tivesse dado grandes aumentos para o funcionário. Entre o gás de cozinha e a gasolina, eu prefiro o aumento da gasolina porque o gás de cozinha é para cozinhar o feijão do trabalhador. A gasolina, tudo bem, mas, também,  é para carro particular.

 

O Sr. Pedro Américo leal: Tudo caminha com a gasolina neste País.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Mas não há dúvidas, pode-se ter um pouco mais ou um pouco menos de visão do que pode ser taxado, mas uma coisa que todos  vêem,  analisando com bom-senso, é que o plano vai atingir em cheio aqueles que já estão onerados, aqueles que já não agüentam mais. O CPMF, que era para ser transitório, vai passar para 1999, e já se está aumentando a alíquota em cima do cheque. Não restam dúvidas de que aqueles que são  a fonte de riqueza,  aqueles que são o motor econômico, os que fazem este País funcionar, esses estão hoje de luto, porque sobre eles recaiu o raio, cujas conseqüências, em abril ou maio do ano que vem, todos estarão lamentando.

     Queremos, em nome do PDT, com vigor, dizer que, novamente, quanto à  política econômica do País, equivocaram-se os dirigentes do País que, em nome da solidez do Plano Real, oneraram inconseqüentemente, irresponsavelmente àqueles que trabalham e que dão a riqueza a esta Nação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, entramos na

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2447/97 -  PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 036/97, que acrescenta dispositivos e altera a redação das Leis nºs 6787, de 11 de janeiro de 1991, e 7595, de 17 de janeiro de 1995, bem como acrescenta requisitos à candidatura de Conselheiros Tutelares. Com Emendas nºs 02 a 27, Subemenda nº 01 à Emenda nº 05 e Substitutivos nºs 01 e 02.  Urgência.

 

Parecer Conjunto

- da CCJ, CEFOR, CUTHAB, CECE e CEDECONDH. Relator-Geral Ver. Antonio Hohlfeldt: pela rejeição do Projeto, das Emendas  nºs 02 a 26 e da Subemenda nº 01 à Emenda nº 05.

     

Observações:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM;       

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Quero fazer uma comunicação ou um convite aos Senhores Vereadores. Amanhã, às 18 horas, no local principal da Feira, conseguimos com os organizadores da Feira do Livro de Porto Alegre, realizarmos o lançamento da nossa cartilha "Meus Direitos de Criança", que é uma cartilha da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Haverá autógrafo das autoras e da artista plástica que fez as ilustrações. A presença dos Senhores Vereadores é fundamental.

 

O SR. PRESIDENTE: Os Vereadores, em especial os da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, farão presença na Feira. A Cartilha é uma proposta encampada pela Câmara como um todo. A proposta é da Comissão. A Câmara assumiu, assim  podemos nos orgulhar desse acontecimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLE nº 036/97. Cabe esclarecimento de que este Projeto foi votado na última Sessão, sexta-feira, onde foi aprovado o Substitutivo nº 01.

Hoje  votaremos as Emendas ao Substitutivo nº 01, aposto ao PLE nº 36/97. Têm várias emendas destacadas,  e várias não-destacadas. Cabe às Emendas destacadas, um encaminhamento de votação.

 É importante que os Srs. Vereadores verifiquem, no espelho distribuído, que a aprovação de algumas Emendas prejudica outras Emendas.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu entrei com um Requerimento, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, pedindo o adiamento da votação do Projeto de Imposto Predial, que está na Ordem do Dia de hoje, por força do Artigo 81. Eu gostaria de ver com as demais Bancadas a possibilidade  de votarmos, agora, este Requerimento, alterando a Ordem do Dia, e voltemos à discussão em tela, ou a questão de, em votando o processo em curso, as Emendas, sobre as quais tem uma boa quantidade de acordos, garantirmos a votação deste Requerimento. Esta é a consulta que eu faço. De minha parte, não teria dificuldade de votar o Requerimento, se fosse regimentalmente possível.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para um Requerimento.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Requerimento): Sr. Presidente, eu me preocupo com  a Questão de Ordem do Ver. Gerson, não pelo conteúdo e, sim,  pela forma. V.  Exa.  já apregoou e já começou o processo de votação. Particularmente, acho que essa votação só poderia ocorrer depois, e estou  apoiando o Requerimento se assim for a posição da maioria dos Vereadores.

Levanto uma outra Questão de Ordem. Sabemos que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre está convocando todos os membros do Orçamento Participativo para vir a esta Casa  quando da votação do projeto. Nada contra. Agora, também pretendo convocar pessoas que são contrárias ao  IPTU e  aí teremos que passar  para o outro Plenário,  ou vamos ter que adotar a fórmula de distribuição de senhas proporcionais a cada Vereador. Digo isso hoje, para dar tempo à Mesa resolver e dar o encaminhamento necessário para que não se tenha uma situação constrangedora que já vivemos na votação dos Conselhos  e que poderemos enfrentar com relação ao Orçamento.

Se não formos para o Plenário grande, requeiro que sejam distribuídas senhas proporcionais  aos Vereadores, como já se fez inúmeras vezes ao longo da história da Câmara.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa agradece a sua colaboração nesse sentido. Em hipótese alguma seria permitido que o espaço não fosse usado de forma isonômica. Sempre foi assim e continuará sendo. Vamos adotar critérios, porque não há outro espaço, neste momento, até o fim deste mês, quando no nosso Plenário, com a ajuda do Senhor, será inaugurado o som e começaremos a trabalhar lá. Mas, por enquanto, faremos o que já fizemos em outras oportunidades. Os nossos assessores têm sido  competentes para resolverem esse problema de forma tranqüila.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT:  Desculpe a insistência, Sr. Presidente, a questão não  é  de assessoria, mas sim da Mesa.

 

O SR. PRESIDENTE:  A Mesa tem essa decisão “a priori”. É importante que a gente reprise. Quanto à Questão de Ordem com relação à votação do Requerimento, existe uma dificuldade no sentido de que antes deste Presidente ler o "espelho" havia um pedido do Ver. Gerson Almeida. Eu pedi licença a ele para primeiro ler, mas acho que precede a sua solicitação. O conteúdo veio depois, mas a solicitação veio antes. Eu me sinto na situação de ter que atender o requerimento dele ou deixar para depois dessa votação, se as Lideranças assim entenderem.

 

O SR. NEREU DÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu pediria, gentilmente, ao nobre Líder do PT que adiasse a votação do seu Requerimento, por dois motivos: primeiro, porque ele vai ensejar discussão, eu, por exemplo, vou discuti-lo porque sou frontalmente contrário ao adiamento da votação. Nós estamos aqui com o resumo do que vamos votar daqui a poucos instantes, com 12 emendas destacadas e 5 não destacadas. São 17 emendas. Se houver um esforço, em 30, 40 min, nós votamos isso. Vai haver tempo de sobra se quisermos votar o IPTU. Por esses dois motivos, pediria ao nobre Líder do PT que sobrestasse o seu Requerimento para que nós entrássemos agora para vencermos esta parte. Depois, discutiremos o seu Requerimento e a possível votação ou não, que, no meu entendimento, poderia ser perfeitamente feita. Esse é o meu apelo ao nobre Líder do PT.

      

O SR. GERSON ALMEIDA: Concordo com o nobre Líder do PDT.

 

O SR. PRESIDENTE: O entendimento feito entre dois Líderes será respeitado pela Mesa. colocamos em votação a Emenda nº 01 ao Substitutivo nº 01, aposto ao PLE nº 036/97.

Há um Requerimento de autoria do Ver. João Dib para que haja um acordo - a Mesa já esclarece que só poderá haver o acordo se houver unanimidade - para que o tempo para encaminhamentos seja de 3 minutos,  e não 5 minutos.

Há a discordância do Líder do PSDB, Ver. Cláudio Sebenelo. Portanto, não há acordo. Serão mantidos os 5 minutos regimentais.

O Ver. Cláudio Sebenelo com a palavra, para encaminhar a Emenda nº 01.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em atenção às pessoas que nos honram com sua presença, além da Mesa Diretora e dos demais Vereadores, eu queria transmitir, se eu tiver capacidade, o espírito do que nós vamos votar. Queria passar, através do artigo do psiquiatra Alfredo Castro Neto, com o título "Inocência sem defesa": "Nos Estados Unidos, em 1871, foi fundada a Sociedade Contra a Crueldade para com as Crianças. Antes desta data só havia Sociedade Protetora dos Animais contra a crueldade para com as crianças. Daí, se em 1870 alguém suspeitasse que uma criança estava sofrendo maus tratos teria que recorrer à Sociedade Protetora dos Animais. Atualmente, apesar de inúmeras pesquisas e do avanço tecnológico, o problema permanece sem solução.

 O ponto crucial é que a criança maltratada é uma criança que corre sérios riscos de vida. Pesquisas da Universidade de Columbia comprovaram que se uma criança maltratada fisicamente é conduzida a um pronto-socorro o médico que a manda de volta à sua família, sem qualquer intervenção desta família, ela tem 5% de possibilidade de ser morta e 35% de possibilidade de retornar ao pronto-socorro com danos físicos bem piores.

Na Cidade de Novo Hamburgo um pai leva a filha de 3 anos ao pronto-socorro, e alega que a menina se asfixiou com um pedaço de pão durante o café da manhã. A criança já estava morta, e a necropsia  revelou diversos hematomas pelo corpo e ruptura da aorta. Os vizinhos alegaram que o pai  tinha a fama de ser violento e batia constantemente na filha com um cabo de metal de uma mangueira. Sua cunhada chegou a registrar a queixa, mas nada adiantou.

 Alguns pesquisadores acreditam que a violência não pode ser uma questão de subdesenvolvimento, mas, sim,  uma questão de civilização. Na verdade, os índios do Xingu não agridem fisicamente suas crianças, mas nos EUA cerca de 3 mil crianças são mortas por seus pais anualmente.

 Precisamos lembrar de que a infância é a inocência do mundo, a fonte maravilhosa, onde todas as nações buscam energia, alegria e coragem. É do deslumbramento e da curiosidade da criança que brota o desejo de mudar, sem o qual nosso mundo se tornaria velho e rígido.  E eu acrescento: chato. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Votamos a primeira Emenda destacada, neste momento, que, se aprovada, prejudica as Emendas nº 6, 7, 8  e 11.

Vejo que a Emenda nº 1 tem  uma redação que se eu a tomasse isoladamente até me inclinaria por ela. Fui contra  a realização da prova, e agora o art. 9º, de acordo com essa proposta, passa a ter a seguinte redação: "a prova será constituída de 40% de questões de conhecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente e outros 60% referentes à análise dos casos envolvendo aplicação de medidas de proteção referentes ao exercício da função do Conselho Tutelar."

 Vale dizer: em existindo a prova se valorizam mais esses aspectos práticos do que os teóricos. Mas o que me assusta é que nas Emendas que vão ser prejudicadas, a Emenda nº 6, por exemplo, a Emenda nº 7, a Emenda nº 8, que é de autoria do Ver. Luiz Braz, se não me falha a memória, poderemos ter, inclusive, o restabelecimento da discussão anteriormente colocada,  isto é, voltarmos ao problema da prova. A Emenda nº  06, do Ver. Carlos Garcia, é complexa e inclui os incisos IV, V, VI, VII, VIII, IX, X, do art. 23. Coloca dispositivos novos como antecedentes à eleição, participação de avaliações de condições psicossociais. A Emenda nº 08, do Ver, Nereu D'Ávila, que fala de participação de curso em caráter obrigatório e substitui a prova pelo curso.

Então, o meu temor em aprovar essa Emenda, sem considerar o seu reflexo, é que me parece que ela acaba por derrogar as Emendas nºs  6, 7, 8  e 11 e  isso dificulta que algumas colocações possam ser melhor discutidas.

A Emenda nº 11, de autoria do Ver. Carlos Garcia, parece-me boa, pois substitui as expressões "prova de conhecimento" para "avaliação psicossocial e curso de habilitação". Entre a prova e o curso eu quero dizer que fico com o curso. Eu não queria nem prova nem curso, mas já que estou no rol dos derrotados eu estou aqui dando um" manotaço de afogado", querendo me salvar de alguma forma.

Portanto, eu acho que a Emenda nº 11 deve ser considerada. Só por essa razão eu já teria motivo suficiente  de ter temor em aprovar a Emenda nº 01. Se fosse a última solução, é melhor do que está no presente momento? É. Mas eu tenho chance, lá na Emenda nº 11, de ter melhor ainda.

Então, eu fico com temor muito sério que o alcance dessa Emenda é tão forte,  e complica tamanha situações que leve pessoas como eu,  que declaradamente marquei posição contrária à realização de prova, que achava que a forma pela qual vem sendo desenvolvida merecia ser aprimorada mas não da forma como esta sendo proposto, fico contingenciado nesta circunstância, Ver. Nereu D'Ávila, pois  esta Emenda liquida com uma das emendas de V.Exa. que já deve ter  observado isso: a  Emenda nº  8    enfatiza: "Participar  em curso  de caráter obrigatório,  de 40 horas, com  freqüência mínima  de 80%", mas acaba com a prova também.  Entre o curso e a prova,   inclino pelo curso,  vou votar contrário à  Emenda nº 01, apesar de achar que, em última razão, até que ela melhorava a situação atual,  mas que elimina uma  possibilidade de se alcançar mais ainda - eu espero - com a votação  das outras Emendas . Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.  Sou um democrata por natureza, não poderia ser de outra maneira, sou perdedor desta matéria,  admito  que a maioria,  na democracia,  dita a sua opinião. Por isso,   quero apenas chamar a atenção, lamentando  que,  algumas bancadas que estiveram conosco na luta pela não-aprovação da prova,  não tivessem votado  conosco apenas para marcar posição, nem se manifestaram contrários, ou seja,  acreditando, ou não,  nas Emendas.

 As Emendas vão atuar como rolo compressor, igual ao  que houve nos substitutivos. É legítimo, ganha-se ou perde neste plenário milhares de vezes. Mesmo como perdedor,  quero chamar a atenção de V. Exas. de que  esta Emenda,  que vamos votar,   propõe 40% para questões  do Estatuto da Criança e do Adolescente  e 60%  de referência de  análise de caso,  envolvendo a aplicação  de medidas de proteção à  função do Conselheiro Tutelar.

Quero chamar a atenção  sobre o que  ninguém ainda se deu conta ainda:  logo em seguida vamos  votar uma outra Emenda,  presumivelmente  vai ser aprovada, embora contra o  meu voto,  de opção de realização  de prova oral em substituição à escrita. Até acho que é uma opção válida, já que esta Casa aceita a prova,  vamos minimizá-la. Se aprovada a Emenda nº 01,  ela vai entrar naquela subjetividade que tentei alertar na votação, quando dos substitutivos. Por quê? Porque se alguém optar pela prova oral ficará  muito subjetivo para a banca examinadora medir. Qual o aparelho que vai medir 60¨% de um e 40% de outro em relação a quem está sendo analisado?  Quem me convencerá que não será subjetivo, mesmo que o examinador tenha boa-vontade e esteja de boa-fé. Já que estamos no terreno da subjetividade a responsabilidade é de quem aprovar.

 Eu vou votar contra a Emenda nº 01, não porque eventualmente prejudique uma outra emenda. Ver. Reginaldo Pujol agradeço a V. Exa. que tem sido de um cavalheirismo fora de série, de uma ética em relação aos seus colegas, louvo isso. Em relação a essa Emenda não estou  apenas dizendo que a minha Emenda será prejudicada, não, chamo a atenção que, se ela for aprovada, vai transformar a seguinte. A seguinte diz que será prova oral, ou escrita, Ver. Lauro Hagemann. Na oral quem vai medir, ficará ao cargo do examinador. Queira Deus que tenha bom-senso e boa-fé.  Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE:  Para encaminhar pelo PMDB tem a palavra a Vera. Clênia Maranhão.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, Conselheiros e cidadãos que acompanham nossa discussão nesta tarde.

É muito importante prosseguirmos nesta discussão com toda a atenção possível para que possamos compreender as mudanças que estão em curso a partir da última sexta-feira. Sexta-feira eu ocupei esta tribuna e falava de uma preocupação que tem que ser obrigação desta Casa, que é através desta discussão garantirmos a possibilidade de acesso à informação e à qualificação de todos os homens e mulheres que quiserem se candidatar a Conselheiros Tutelares, porque não são todos que têm a possibilidade de realizar os cursos necessários para conhecer a legislação e ter os conhecimentos para que possam concorrer em condições de igualdade com aqueles que com condições econômicas têm tido a possibilidade de praticar esses estudos.

Defendi veementemente a necessidade de que o Executivo Municipal passe ao Conselho Municipal as condições de realização de cursos capazes de passar este conjunto de conhecimentos. Quero reafirmar que não posso compactuar com o argumento de que o Executivo Municipal não tem condições de realizar em curso de 120 horas. Quando o Poder Público prioriza uma área cria as condições necessárias para a realização das políticas públicas, que são fundamentais para a população. E aqui estamos falando de uma parte da população brasileira que necessita toda atenção, que são as crianças e adolescentes. Aproveitava aquela oportunidade para dizer da falta de condições gravíssimas que hoje vive a quase totalidade dos Conselhos Tutelares de Porto Alegre.

Estamos, hoje, na seguinte situação: há quem defenda nenhum tipo de seleção; há quem defenda a seleção através de uma prova, como sistema de qualificação; e há quem acredite que a qualificação, que tem que ser um direito de todos, que tem que ser feita através da passagem de conhecimentos, através de um curso que não pode ser de 20 ou 30 horas, que tem de ter, no máximo, 120 horas. Há um temor nesta Casa de que, se nós aprovarmos um curso mais longo, que permita a qualificação, e esse projeto for vetado pelo Executivo, nós não teremos tempo suficiente para realizar essa questão essencial, que é dar às pessoas a possibilidade de se capacitarem e disputarem numa prova. Eu acho isso muito grave, porque a eleição tem que ser feita para que possa contar com o apoio do Tribunal até o mês de maio. Acho que a nossa obrigação não é facilitar a omissão do Executivo, a nossa obrigação de parlamentar é termos compromisso com essa parcela significativa da população de Porto Alegre, que é a criança e o adolescente.

Então, o que nós, enquanto Vereadores devemos fazer aqui, após a aprovação dessa lei, é sermos muito mais fiscalizadores no cumprimento das medidas que garantam o exercício pleno dos Conselhos Tutelares, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente. Nós, aqui nesta Casa, cumprindo a nossa obrigação, temos discutido muito a questão da FEBEM, através de seminários e participações, colocando que há um problema real na FEBEM. Há também um problema real nas comunidades, nos Conselhos Tutelares, que têm que ser alvo da nossa preocupação para que não façamos  aqui, meramente,  uma discussão burocrática de um processo eleitoral, mas que discutamos,  nesse processo, o avanço de uma política pública na defesa da criança e do adolescente de Porto Alegre. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação a prorrogação da Sessão por mais duas horas. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra para encaminhar a Emenda nº 01..

 

O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. participantes desta plenária, colegas conselheiros, nós temos o privilégio de ocupar esta tribuna para manifestar  a  nossa  expressão, em nome do Partido Trabalhista Brasileiro, dizendo da nossa consciência em relação a esta eleição. Tive o privilégio de participar de uma eleição e,  nessa participação,  sou testemunha ocular que a comunidade,  que elege o conselheiro tutelar, é apta para isso, no aspecto democrático,  e é apta, também, para extinguir o conselheiro tutelar.

Digo isso com experiência, porque a  micro região, pela qual fomos eleitos no ano de 1994,  foi a única que elegeu cinco conselheiros tutelares e todos os suplentes eram novos. Todos que lá estavam anteriormente não se reelegeram.. Aí estava a expressão maior do povo, da comunidade e daqueles que querem, realmente, ter o seu conselheiro tutelar.

Hoje, estamos frente a um desafio, em primeira instância,  trazendo as emendas, e a Emenda nº 1 que apresenta uma proposta de 40% de questões de conhecimento do ECA e 60% referente à análise de casos envolvendo aplicações de medidas de proteção relativas à função do conselheiro tutelar, englobando, assim, a necessidade de uma prova que venha avaliar este conselheiro tutelar. É claro que,  no exercício da atividade de conselheiro tutelar,  vivemos a necessidade de termos conselheiros tutelares experientes, qualificados e, em nenhum momento, eu descarto a possibilidade de ter os conselheiros tutelares qualificados. Mas quando tenho manifestado, aqui, aos Senhores que  a própria comunidade tem a condição de colocar e de tirar o Conselheiro Tutelar, eu penso que o povo, num tom democrático, pode julgar essa questão, independente das provas que estão, aqui, sendo propostas. Eu penso até que o Conselheiro Tutelar tem uma qualificação muito mais aprimorada, quando se exige dele, por uma iniciativa do Executivo o voto voluntário. Ora, quem vem votar no conselheiro 'a' ou 'b',  vai votar porque conhece aquela pessoa, sabe quem é aquela pessoa, já está fazendo uma qualificação daquela pessoa. Vai acontecer algumas falhas? Evidentemente, pode acontecer, mas o próprio eleitor vai julgar na próxima eleição.

Então, nós, da bancada do PTB, manifestamos aqui a nossa contrariedade à prova, manifestamos aqui o nosso desejo de que o Conselheiro Tutelar seja, realmente, o eleito pelo povo e manifestamos também a nossa preocupação de que haja qualificação do Conselheiro Tutelar. E, para isso, evidentemente, que não pode acontecer a qualificação antes, um curso antes, isso não vai invalidar o Conselheiro Tutelar.  Acho que depois de o Conselheiro ter sido eleito, o Executivo deve se preocupar em  fazer um curso especial, preparar os eleitos, para não se preocupar em fazer curso para dois, três mil candidatos. Preocupe-se em fazer com os candidatos eleitos, para continuar a sua caminhada.

O ECA, ele nos traz no ser Capítulo I, Título 5º do Conselho Tutelar, no seu art. 133: "Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: reconhecida idoneidade moral, idade superior a 21 anos e residir no Município".    

Então, qualificação, fica à critério do Executivo, após a eleição. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR.  PRESIDENTE: o Ver. Renato Guimarães está com a palavra  para encaminhar.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é interessante, antes de encaminhar a Emenda, quero colocar que, no meu entendimento e da Bancada dos Trabalhadores, a questão aqui se traduz muito mais pelo voto do que pelo discurso.

Nós tivemos um cenário na sexta-feira que, por ampla maioria, constituiu, aprovou o Substitutivo 01, do Ver. Antonio Hohlfeldt.   A partir desse entendimento, de que a Casa,  votando da maneira como votou o Substitutivo do Ver. Antonio Hohlfeldt, com grande concordância, descartando o Substitutivo nº 2, que tratava das emendas que estão aqui sendo apresentadas, nós passamos a trabalhar uma  composição na Casa que mantivesse, no entendimento da nossa Bancada e do relator do Substitutivo, bem como, de outras Bancadas que tinham pleitos dentro do Projeto, e pudesse viabilizar esses pleitos. Por que digo isso? Porque, no nosso entendimento, com a aceitação por parte  da Bancada do PSB, de vir ao Processo, aceitando a Emenda nº 1 e o caráter principal do Substitutivo do Ver. Antônio Hohlfeldt, nós também sinalizamos pela retirada da Emenda nº 3 que, na realidade, possibilita, como nos colocou o Ver. Hélio Corbellini,  que uma reivindicação dos próprios Conselheiros Tutelares seja atendida,  já que vai ser feita uma avaliação do conteúdo teórico, que essas pessoas também sejam avaliadas psicologicamente, que possam demonstrar que têm capacidade psicológica para intervir nos conflitos sócio-familiares.

Se é esse o entendimento, nós retiramos a nossa Emenda nº 3 e ficamos de acordo com o que diz o Substitutivo, o que diz o artigo 23 no parágrafo 8º que considera a avaliação psicológica como uma coisa importante.

 E na questão do voto distrital, em que do conjunto de emendas que estão sendo debatidas duas questões poderiam levar a uma polarização, a nossa bancada recua retirando essas emendas e trabalhando, especificamente, na questão do voto distrital, com entendimento que retiramos, ficamos com o texto do Substitutivo que aponta na possibilidade de uma eleição distrital, com a seguinte consideração: que da mesma forma como estamos tratando a possibilidade do TRE participar da eleição,  nós levaremos a ele, isso faz parte da negociação que fizemos pela retirada dessa Emenda, levaremos a questão ao TRE e dependendo da posição dele, isso foi oferecido ao Ver. Antonio Hohlfeldt e há concordância nisso, viríamos no futuro ou aceitar a proposição e fazer dessa forma ou vetar, no texto, essa questão do voto distrital, levando em conta que o TRE não possa  colaborar e contribuir junto.

 Este é o grande entendimento que a Casa conseguiu chegar  em relação às emendas e está colocado para os Vereadores a importância que se vote a favor da 1ª e da 2ª emenda para respeitar o que esta Casa colocou, que o Plenário encaminhou desta forma na sexta-feira . Também trazer a  caracterização de que  a prova e o teste psicológico venham a medir questões do ECA, mas também questões da vida do cotidiano  dessas comunidades. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação a Emenda nº 01. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com os votos contrários dos Vereadores Nereu D'Ávila, Elói Guimarães, Reginaldo Pujol, Eliseu Sabino e Sônia Santos. Ficando prejudicadas, assim,  as Emendas nº  06, 07, 08 e 11.

Passamos à votação da Emenda nº  02, de autoria do  Ver. Lauro Hagemann, com destaque do Ver. Gerson Almeida.

O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, então, ficou assim: as Emendas nº  06, 07, 08 e 11 foram prejudicadas pela aprovação da Emenda nº 01. Desde logo é bom que se saiba que a Emenda nº 07, que dizia que os candidatos não participarão de prova oral e escrita, foi fulminada; foi morta. Diante disso eu encaminho favoravelmente à Emenda nº 02, porque a prova está chancelada. Vamos permitir - é a minha visão - que os candidatos possam optar por direito "jus esperniandi", por uma prova oral ou uma prova escrita. A avaliação, me parece, em qualquer uma das opções pode ser feita.

Peço que aqueles que assim entendem uma ou outra será. É isso? Então nisso estamos entendidos.

Encaminho favoravelmente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Eliseu Sabino está com a palavra para encaminhar a Emenda nº 02.

 

O SR. ELISEU SABINO:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a nossa intenção era invalidar a Emenda nº 01, mas,  infelizmente,  não conseguimos o êxito. Junto com o pensamento do Ver. Nereu D'Ávila, diante do exposto, não nos resta outra alternativa senão manifestar aqui o nosso encaminhamento, junto aos nossos colegas, aos conselheiros hoje, aos eventuais candidatos,  favorável à Emenda nº 02 que inclui um parágrafo único por uma opção pela realização da prova oral em substituição à  escrita, no entendimento de que uma prova oral ou escrita é de opção pessoal. Há pessoas que optam pela prova oral, outros têm mais facilidade na prova escrita.

Na verdade, manifestamos o nosso profundo sentimento de consternação pelo fato de não conseguirmos o nosso intento com a nossa Emenda nº 07 , que foi extinguida, e o Substitutivo nº 02, que nem veio a ser. É claro que a nossa manifestação é no sentido de que fica aqui expressa a nossa luta e vamos votar favoravelmente à Emenda nº 02. Muito obrigado.

 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, para encaminhar a votação da Emenda nº 02.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu tinha  previsto  que cada vez iríamos reduzir mais a nossa possibilidade de permitir que o mínimo de presença democrática neste processo ficasse resguardado. O Parágrafo Único proposto pela Emenda ao artigo 10  diz o seguinte: "Os candidatos poderão optar pela realização de prova oral, em substituição à prova escrita."  Nós temos reiterado a nossa posição, contrária à realização da prova,  mas essa está mais do que consagrada. Então, eu acho que o Ver. Nereu D'Ávila, mais uma vez, tem razão. Já que a coisa está assim, tudo está determinado, vou dar  liberdade de saber se a pessoa será reprovada porque falou demais, falou de menos, ou escreveu mal ou bem. Eu acho que a prova oral é mais comprometedora ainda do que a prova escrita. Mas como eu espero que, pelo menos, nesse particular, a pessoa tenha a sensibilidade de saber o que  vai optar, e como isso é a única coisa que a lei vai facultar, o resto tudo ela vai impor, pelo menos vamos deixar que ela faculte alguma coisa. Faculte a escolha da forca ou do pelourinho. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação a Emenda nº 2. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados.(Pausa.) APROVADA com os votos contrários dos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Anamaria Negroni, Hélio Corbellini e João Carlos Nedel.

 

O  SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, nós temos um entendimento um tanto quanto contrário àquele manifestado pela Assessoria com relação aos prejuízos sofridos pelas Emendas, principalmente pela Emenda nº 6, quando da aprovação da Emenda nº 1. A Emenda nº 6 fala em "avaliação final" e isso significa prova, porque há  o curso e mais a avaliação final que é uma prova. Neste sentido, nós não podemos dar a Emenda por prejudicada apenas porque ela não fala a palavra "prova", mas fala em "avaliação  final", que é a mesma coisa, praticamente, é um sinônimo.

 

O SR. PRESIDENTE: Pedimos uns segundos para poder avaliar a questão junto à Diretoria Legislativa.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu me permito, respeitosamente, discordar do Ver. Luiz Braz, na medida em que, justamente, todo o debate tem girado em torno desta questão. E a orientação dada pela Mesa, se mudar, vai anular a votação, obrigatoriamente, porque as posições de voto serão mudadas, uma vez que houve uma votação dentro de uma determinada orientação.

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a colaboração, mas queremos dizer que não demos opinião exatamente porque precisamos  fazer essa consulta.

Suspendemos a Sessão por um minuto para podermos avaliar.

.

(Suspendem-se os trabalhos às 18h36min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz - 18h37min): Estão reabertos os trabalhos.

Esclarecida a questão, de fato, a Emenda nº 1 aprovada prejudica a Emenda    06, item IX.  (Lê o item IX da Emenda nº 06) Neste item, ela é repetitiva.

A Mesa, consultada a Diretoria, avalia que  está prejudicada a Emenda  de nº 06.

Passamos à votação da Emenda nº 9, do Substitutivo nº 02, ao PLE nº 36/97.  (Lê a Emenda nº 09)

O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Emenda nº 09 é de minha autoria e trata do  Substitutivo nº 01 aprovado e quero fazer justiça: essa parte não estava no projeto original que veio do Executivo. Foi inserida pelo nobre Relator. Chamo atenção porque proíbe os Conselheiros   a se candidatarem à vereança.

 Quero deixar claro que houve uma consulta  formal ao Tribunal Superior Eleitoral e o Ministro respondeu pelo "sim", não vetou a ninguém a  possibilidade de  se candidatar.  Se assim não o fosse, o Ver. Sabino não estaria aqui. Logo, não cabe a nós, aqui, vedar algo que já foi plenamente estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Diante disso, já nem peço voto, peço bom senso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt para encaminhar pelo PSDB.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores e, respeitosamente, Ver. Nereu D'Ávila, o bom senso indica exatamente a questão contrária. Eu, na condição não só de Liderança do PSDB, mas, sobretudo de relator, quero dizer que não fui eu quem inventei essa questão, essa questão foi levantada dentro de uma emenda apresentada à Casa e que me pareceu de bom senso que é o seguinte: tem-se dito, normalmente, que Conselheiro Tutelar não é para ser profissão, Conselheiro Tutelar deve ser dedicação às crianças. Tem-se dito que Conselheiro Tutelar é a  maneira pela qual nós vamos tentar resolver as questões das crianças e dos adolescentes.

 Portanto, ser Conselheiro Tutelar não pode ser plataforma para depois ser candidato a Vereador, ou a Presidente disso ou daquilo ou vice-versa, ser Presidente de entidade para depois conseguir se eleger Conselheiro Tutelar. Nem uma coisa nem outra. O que estamos discutindo aqui, Ver. Nereu, respeitosamente, não é a consulta do Tribunal. O Tribunal deixou bem claro: não é ilegal, não é essa a nossa discussão, não na minha ótica, agora, acho que é antiético e muito especialmente, acho que é prejudicial ao trabalho com a criança e com adolescente nós termos um Conselheiro Tutelar que já está pensando no que vai fazer depois, na campanha eleitoral.

O espírito do 2º e 3º item do art. 17, que corresponde ao art. 29 do projeto original é exatamente esse, é de evitar que se use o trabalho de Conselheiro Tutelar para outra coisa que não o objetivo que é ser Conselheiro Tutelar, que é zelar pela criança e pelo adolescente. Por isso, este relator aceitou e encaminhou essa emenda. A nossa preocupação é que aquele companheiro, aquele cidadão que assumiu a tarefa de ser um Conselheiro Tutelar não largue no meio do caminho ou não misture as coisas. Quero lembrar aos Srs. Vereadores que, muitas vezes, nós, políticos, somos criticados por boa parte da mídia ou somos malvistos pela opinião pública porque num momento somos eleitos para Vereador e nos tornamos Secretário, ou somos eleitos para um cargo, e já estamos no meio do mandato nos candidatando a um outro cargo, sem dar conta daquilo que deveríamos ter cumprido. Isso ouvimos, muitas vezes! E acho até que isso não tem uma base tão séria, porque quando um de nós sai e vai para outra instância, na verdade está, de toda maneira, atendendo aos interesses do partido através do qual se elegeu, da administração a qual representa ou vai deixar um representante seu, que vai continuar o seu mandato.

A situação do Conselho Tutelar é diferente. A situação do Conselho Tutelar se dá na pessoa do candidato, embora saibamos que os partidos políticos também vão participar indiretamente da campanha - porque os partidos políticos estarão também preparando candidatos aos Conselhos Tutelares - e na verdade a votação se deu com o nome de um conselheiro; e este conselheiro é que deve levar o seu mandato até o final. Da mesma forma que também isso ocorre  com relação a um presidente de associação ou de sindicato. Se um presidente de sindicato ou se um integrante da executiva das instituições - porque na verdade não é só o presidente, Ver. Nereu D'Ávila,  são os integrantes dos cargos executivos - se eles para se candidatarem a um cargo eletivo, têm que deixar o seu mandato; muito mais razão para se candidatarem à função de conselheiro  tutelar, terem de deixar a sua função para não usarem o segmento em que se encontram para a captação de votos e o resultado final.

Quero dizer que o problema aqui não é de legalidade. O problema aqui é de ética. O problema aqui é de respeito à criança e ao adolescente. Quero relembrar as palavras do Ver. Hélio Corbellini aqui da tribuna, há duas Sessões: "Nós estamos discutindo um tema que envolve, em última análise, a criança e o adolescente."  Os senhores conselheiros, com todo o respeito, são um instrumento desta política. Merecem respeito, mas não podem, nesse respeito, ultrapassar o respeito que a criança e o adolescente - finalidade última - devem merecer de nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)     

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Na verdade, ficamos surpreendidos com coisas que acontecem neste Plenário, mas ,ao mesmo tempo, nos alegra a possibilidade de manifestar aqui o nosso sentimento e a nossa expressão. Volto a dizer que quem fala aqui é um Conselheiro Tutelar. Mesmo eleito Vereador me considero um Conselheiro Tutelar, porque,  no exercício do mandato de Conselheiro, não hesitei em nenhum momento em dizer que seria candidato a Vereador.  Até a minha campanha para o Conselho Tutelar foi embasada, fundamentada em que eu seria um futuro candidato a Vereador da nossa Cidade. Querem representação maior do que essa?

 Fui candidato em 1992 a Vereador, não me elegi. Depois da eleição o eleitorado queria mais alguma coisa, que o Sabino estivesse em evidência. É claro que ouvimos o pessoal dizer, como o Ver. Antonio Hohlfeldt, que a dedicação e o pensamento deve ser exclusivo em relação à criança e ao adolescente.

Todos os Vereadores são Conselheiros Tutelares. Até me atreveria a dizer, Ver. Gilberto, que o Vereador que passou pelo Conselho Tutelar tem uma experiência um pouco a parte.

 Na verdade, caros colegas, essa Emenda nº 9 não me cai em simpatia em nenhum momento, porque entendo que cada Conselheiro é - não será, mas é - um autêntico representante do povo.  E perder o mandato, pelo amor de Deus, perder o mandato porque ele quer se candidatar a vereador!

 Sr. Presidente, quando me apresentei para ser candidato a conselheiro tutelar fui como um homem do povo. Quando manifestei a intenção de ser candidato a vereador a SGM - órgão que controla o Conselho Tutelar - exigiu a licença do cargo de conselheiro tutelar e isso é normal é por lei. Eu me licenciei para trabalhar na minha campanha eleitoral. Se eu ganhasse a eleição eu deveria, evidentemente, me exonerar do cargo de conselheiro tutelar, mas se eu perdesse era um direito retornar ao cargo.

Então,  junto com a minha Bancada,  manifestamo-nos a favor da Emenda nº 9. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)      

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum ): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a Emenda nº 09.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O que esta Emenda  quer suprimir do Substitutivo já aprovado? O item 2 e 3 do art. 29 que diz exatamente o seguinte: - Item dois: " perderá  o mandato o conselheiro  que exercer o cargo executivo de partido  político, associação comunitária,  entidade de atendimento ou  representação de direitos e sindicatos." -  Item três: " concorrer a cargos eletivos".

 Quero cumprimentar os integrantes, os Conselheiros porque, com esta Emenda, mantido este dispositivo, nós teremos os Conselheiros  colocados numa redoma, estão fora  do contexto. Não podem concorrer a cargos eletivos e  não dizem  nem que tipo de cargo é, qualquer coisa que envolver a  eleição, pelo dispositivo desta Lei,  nada feito. Cargo eletivo não é com o conselheiro tutelar, está escrito! Nem de síndico.  É  eletivo ou não?  Se elege o síndico ou não?  Mesmo que se retire  o síndico, qualquer coisa que envolver o voto universal, que toda uma  comunidade vote, não vai poder mais. Conselheiro  tutelar vai ser conselheiro tutelar, e só! Vai fazer as provas e testes e,  daí para adiante,  adeus Associação comunitária de qualquer bairro de Porto Alegre,  se precisar de um conselheiro tutelar para  ser terceiro  secretário: não contem com ele, porque ele está impedido,  ele foi eleito.  O sindicato do categoria,  se precisar da experiência de um conselheiro tutelar para ser do Conselho Fiscal não pode, está vedado.

  Está fora do mundo, é exagero! sinceramente é exagero! Num País, vamos ser honestos, onde o Presidente da República  vai disputar a reeleição no cargo, eu quero  que o conselheiro tutelar para concorrer a qualquer coisa tem que se afastar do  Conselho Tutelar, é exagero, é demasia. Ver. Nereu D’Ávila, não sei qual é  a coincidência, mas ultimamente a gente está pensando junto. V. Exa. tem razão: é demasia, é exagero, é conveniente que se retire deste  Projeto este dispositivo, porque vou dizer,  com todo o respeito  ao meu querido amigo Ver. Antonio Hohlfeldt,  que é o autor do Substitutivo que consagrou  pontos de vistas que estavam colocados  por vários Vereadores. A demasia é de tal ordem que ele vira antidemocrático. Retira a possibilidade. É um verdadeiro ato institucional, porque, praticamente,  cassa os direitos políticos de todos que tentarem ser integrantes dos Conselhos Tutelares, porque estarão fora do processo.

Agora, nós,  aqui,  não podemos ficar com o ônus de que a nossa decisão,  ao regular os Conselhos Tutelares, está sendo no sentido de eliminar a concorrência. Não vou ficar com esse risco. Quem quiser participar do processo político, legitimar-se para isso, que o faça. Quanto mais gente estiver participando do processo político,  muito melhor será para a democracia, e neste processo não podem ser excluídos, porque antidemocrático, os Conselheiros Tutelares. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE:  Está em votação nominal, por solicitação do Ver. Clovis Ilgenfritz, a Emenda nº 09, ao Substitutivo nº 01, ao PLE 036/97.(Após a  chamada).  Por  16 votos SIM; 09 votos NÃO; 04 ABSTENÇÕES,  está APROVADA a Emenda nº 09.

 Em votação a Emenda nº 12. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ANTONIO HOHFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Substitutivo aceitou uma Emenda apresentada ao corpo do Projeto original exatamente em relação à votação na respectiva zona eleitoral, podendo votar em até cinco candidatos da microrregião correspondente.

Nas negociações que se seguiram  com as diferentes bancadas e,  inclusive, com a Bancada do PT,  acertamos, através do Ver. Renato Guimarães,  que manteríamos o texto como se encontra no Substitutivo para uma análise posterior do Executivo. Se o Executivo, de comum acordo com  o TRE, tiver a avaliação de que há uma ilegalidade  neste comando, evidentemente será vetado e nós estaremos acatando, sem nenhum problema, esse Veto.

Eu digo isso com o assentimento dos Vereadores do PT, exatamente dentro da negociação que se desenvolveu, e, portanto, o encaminhamento é necessariamente contra a Emenda, no sentido de se manter a proposta de regionalização, e o compromisso público que fica registrado nos Anais, para, inclusive, cobrança por parte da Bancada de situação, de nossa parte como relator e como Líder de Bancada,  de que em havendo uma manifestação contrária do TRE, evidentemente  vamos acatar o Veto,  sem nenhum problema,  com cumprimento imediato.

Essa negociação será feita, esse contato com o TRE, dentro do prazo formal, oficial em que o Executivo tem para vetar ou homologar o Projeto de Lei. Portanto,  o nosso encaminhamento é contrário à Emenda, dentro desse acordo e desse entendimento, que, aliás, recupera  a idéia original da primeira legislação em torno dos Conselhos,  que também previa esta regionalização. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação a Emenda nº 12 ao PLE nº 036/97.  (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) Por 20  votos NÃO está REJEITADA a Emenda nº 12. Com a Declaração de Voto dos Vereadores José Valdir e Maria do Rosário.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Lê.)

“Votamos contra a Emenda nº 12 mantendo o texto que proíbe o voto em mais de uma região, para nos submetermos á deliberação da Bancada e ao acordo realizado com outras Bancadas, pois somos contra o princípio do “voto distrital”. Deixando claro que votaremos a favor do Veto, do Sr. Prefeito, caso venha a ocorrer.

Vereadores José Valdir,  Maria do Rosário, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa  e Renato Guimarães.”

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos  às Emendas não destacadas.

Em votação a Emenda nº 03. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)  REJEITADA por unanimidade.

  Em votação a Emenda nº 4. (Pausa.)...

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Então, vamos apreciar duas vezes o mesmo mérito. Está prejudicada. Já apreciamos o mérito na Emenda anterior que suprimia.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem):  Sr. Presidente, a Emenda nº 2  se referia ao artigo 21.

 Portanto, como se referia ao mesmo artigo que estamos analisando, já decidimos por manter o art. 21 como ele se encontra no Substitutivo. Estaríamos votando duas vezes a mesma matéria.

 

 O SR. NEREU D'ÁVILA (Questão de Ordem):  Entendo que em parte tenhamos votado a mesma matéria. Mas, o que abunda não prejudica. Nada obsta que já aprovada esta emenda, conste no texto as seguintes expressões: “podendo votar em até cinco candidatos de qualquer das microrregiões existentes, na região.”

 

O SR. PRESIDENTE:  Vamos suspender os trabalhos até que tenhamos condições de informar as questões levantadas.

 

(Os trabalhos foram suspensos às 19h15min)

 

O SR. PRESIDENTE (às 19h16min): Estão reabertos os trabalhos.

Na verdade, a Emenda nº 12 foi rejeitada, então não modificou a Lei nº 75/95. O art. 29 manteve a modificação da Lei, dizendo que pode votar em até 5 candidatos da microrregião correspondente. Ela foi mantida por não ter sido aprovada a Emenda nº 12.

A Emenda nº 04 volta ao mesmo assunto e muda o universo do voto, então ela mudaria a Lei, e está prejudicada por isso. A Mesa entendeu que as Questões de Ordem, que pediam a prejudicialidade tinham razão, tanto é que a Diretora Legislativa, fazendo uma análise do assunto, que é bastante complexo na sua explicação, entendeu da sua prejudicialidade.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, com todo o respeito, não concordo e quero deixar isso explicitado. Pela gravidade da matéria eu queria pedir a verificação de votação.

 

O SR. PRESIDENTE: Mas nós não votamos ainda, a votação da Emenda nº 04 não foi feita ainda.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente, eu fui informado de que foi aprovado, há instantes, o voto distrital. Eu creio que votei errado, então, e lamento isso, porque altera aqui e suprime lá. Eu sou contra o voto distrital, e se ele foi aprovado, acho que, então, mais se justifica a votação dessa Emenda, porque no art. 21, "...podendo votar em até cinco candidatos por microrregião correspondente". Ou seja, cinco de cada região somente, é a chancela do distrital. Agora, substituindo pela expressão "podendo votar em até cinco candidatos de qualquer das microrregiões  existentes" acaba com o distrital. Por isso quero votar de novo, porque entendo que esta Emenda revoga o distrital e se errei no outro voto quero acertar nesse.

 

 O SR. PRESIDENTE: Vereador, a mesma matéria volta em outro formato, mas a Mesa entende que V.Exa. em tempo tem direito de pedir verificação de votação da emenda.

 

O SR. JOÃO DIB: Tem de ser na hora.

 

O SR. PRESIDENTE: Mais uma vez vamos verificar exatamente os critérios.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA (Esclarecimento): O que V.Exa. entende por essas expressões: "podendo votar em até cinco candidatos de qualquer das microrregiões existentes"? Isso aí não é a possibilidade do que está acontecendo agora, do voto da 1ª zona eleitoral valer para a microrregião 8? Se é esta, então, temos que votar, porque se foi aprovado o distrital essa possibilidade, se for aprovada, revoga o distrital. Não é o mesmo mérito. Eu tenho direito de apresentar uma emenda de algo que foi aprovado anteriormente.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, existem algumas questões regimentais que não estão claras no sentido de negar a possibilidade de revisão de votação. Nós estamos no processo de votação das emendas e,  no nosso entender,  há possibilidade de revisão, uma vez que foi simbólica. Isso é um dado. Os Vereadores mantêm ou não o voto anterior. Foi votada a Emenda nº 3.

 

O SR JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Eu pediria a atenção e quero, nesta minha Questão de Ordem, dizer que não estou emitindo juízo de valor, apenas fazendo uma consideração de ordem técnica.

A Emenda votada, que foi rejeitada, suprimia o artigo, a Emenda 12. Esta Emenda que está sendo votada agora, está dando nova redação e, independente de méritos, são questões de Veto. Repito: a primeira Emenda votada suprimia a artigo e foi rejeitada. O artigo permaneceu no Substitutivo. Agora estamos votando uma nova Emenda, que mantém o artigo e dá nova redação. A meu juízo, Sr. Presidente, essa Emenda, independente de como vou votar, não está prejudicada e precisa ser apreciada.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa tem uma decisão e comunica que votaremos a Emenda nº  4.  Ela não foi prejudicada por termos feito várias consultas, e há um entendimento de que não foi prejudicada. No início, eu disse  que ela tem uma interpretação complexa e daria muita discussão, mas a clarividência do Ver. Juarez Pinheiro colocou, no nosso entender, as palavras certas para a resposta a esse assunto. Por isso, a nossa proposição e os Vereadores podem-se manifestar.

 

O SR. CARLOS GARCIA (Questão de Ordem): A Emenda 12 diz, na parte de baixo:" Aprovada, prejudica a Emenda nº 4 ."  Eu sugiro, então, que a Emenda nº  6 seja votada relativo à Emenda nº 1. É a questão da prova e da avaliação final.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Carlos Garcia, a Emenda nº 12 foi rejeitada. Esse raciocínio vale ao inverso, por isso mesmo ela precisa ser votada.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, no fundo eu ainda tenho a mesma convicção de quando fiz a minha Questão de Ordem, mas acho que não tem outra forma de resolver esse impasse, aqui e agora, a não ser no voto; então, eu mesmo mantenho o voto que dei anteriormente.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, isso é a opinião de V. Exa.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Então, vou insistir na minha Questão de Ordem.

 

O SR. PRESIDENTE: Mas não é Questão de Ordem. Nós não temos encaminhamentos dessas Emendas. Infelizmente não há possibilidade de fazer encaminhamentos.

Em votação nominal a Emenda nº 04,  por solicitação do Ver. Clovis Ilgenfritz. (Após a chamada nominal): REJEITADA  por 24 votos NÃO, e 04 votos SIM.  

Com  Declaração de Voto. (Lê. )

 "Votei contra a Emenda nº 04, mantendo o texto original que proíbe o voto em mais de uma região para acatar deliberação da Bancada e viabilizar o acordo celebrado com outras Bancadas, pois sou frontalmente contra o princípio do Voto Distrital, deixando claro que votarei favoravelmente ao Veto do Sr. Prefeito, caso venha a ocorrer.

 Ver. José Valdir.”

                                                     

 Declaração de Voto. (Lê.)

"Votamos contra, mesmo sendo favoráveis à Emenda, acreditando na possibilidade do Veto do Sr. Prefeito, art .21, mantendo as eleições como são hoje, não-distritais."

Vereadores Guilherme Babosa, Maria do Rosário, Juarez Pinheiro e Antônio Losada.”

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação a Emenda nº 05 , ao Substitutivo nº 01, aposto ao PLE nº 036/97. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.

Em votação a Emenda nº 10. (Pausa) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados.(Pausa.) APROVADA por unanimidade.

Em votação a Emenda nº 14. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, na semana passada,  durante uma Sessão Ordinária, requeri um xerox do Projeto de Lei do Código contra Incêndio, capa a  capa, PLCE nº 01/97 devidamente autenticada.  Eu ainda não recebi.

 

O SR. PRESIDENTE: Já foi entregue e temos o recibo da entrega. Havia um requerimento pedindo para votarmos os requerimentos.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Com relação ao meu Requerimento sobre o Código de Proteção, PLCE nº 01/97, quanto à sua divulgação, ainda não obtive resposta.

 

O SR. PRESIDENTE: A questão que V.Exa. solicitou foi juntada ao ofício no dia 5 de novembro, veio da SMOV,  recebido do Ver. Guilherme Barbosa. (Lê.) Enumera entre 20 e 30 entidades, também anexa os documentos sobre as reuniões.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, volto a insistir, não atende o que determina a Lei Orgânica. A Câmara deverá dar ampla divulgação antes de discutir.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o processo que recebi, acredito que esse documentos tenham sido juntados após o dia 03, vai até a folha 181 e por deslinde dos fatos que quero avaliar, eu preciso a juntada dos documentos subseqüentes.

 

O SR. PRESIDENTE:  A Mesa defere imediatamente e pede para que seja atualizado o documento. 

Ainda respondendo ao Ver. João Dib, o que está colocado na Lei Complementar nº 375, que já havia esclarecido a V.Exa., que regulamenta o parágrafo 1º do art. 76 da LOM e dá outras providências. (Lê a Lei.)

  (Após a leitura da Lei): V. Exa. havia reclamado que faltava uma audiência pública,  é isso?

 

O SR. JOÃO DIB: É, o art. 76 da LOM, §1º diz que deve ser dada ampla divulgação da Exposição de Motivos e do texto do projeto de lei, antes que a Câmara discuta. Esta é a Lei Orgânica, não é a lei complementar.

 

O SR. PRESIDENTE:  Mas a lei complementar está regulamentando a Lei Orgânica.

 

O SR. JOÃO DIB: Acho que a lei complementar só pode regulamentar a Lei Orgânica até onde a Lei Orgânica determina, isto é, ampla divulgação da mensagem.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa fica sem alguma forma legal para lhe responder, só tem essa. Este é o documento exarado por este Plenário, por esta Câmara, que estabelece os critérios ao regulamentar o art. 76 da LOM. V. Exa. poderá examinar.

 

O SR. JOÃO DIB: Eu aceito. Depois vou pedir uma cópia da Lei Complementar nº 375.

 

O SR. PRESIDENTE: Está à sua disposição, querendo tirar um xerox.

 

O SR. JOÃO DIB: Obrigado.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Sr. Presidente, quando estávamos para entrar na discussão dos Conselhos Tutelares, das emendas, eu , por colocação do Ver. Nereu D'Ávila, abri mão de que votássemos naquele momento um Requerimento de adiamento por 4 sessões o Projeto sobre o IPTU, para que nós votássemos imediatamente após a votação das   Emendas. Gostaria de que, de acordo com isso, pudéssemos passar imediatamente para a votação desse Requerimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Gerson Almeida. O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Por uma questão de absoluta coerência devo encaminhar contrariamente ao Requerimento, porque analisando já há alguns dias o debate exaustivo que tem se estabelecido, procedente, com que a mídia tem se preocupado e dado destaque especial, ficou a  população absoluta, clara e insofismavelmente esclarecida sobre a questão do IPTU. Não é alíquota, é planta de valores, estão estabelecidos os percentuais, houve detalhamento, debates amplos nas rádios, televisões e jornais.

 Receberemos depois de amanhã o Plano  Diretor, estamos com prazo até o dia 30 para votar o Orçamento. Há o Código de Proteção contra Incêndios, que está causando polêmica. Estamos com matérias bastante complexas a serem vencidas. Não há nenhum obstáculo para que se vença essa  parcial do Orçamento, que é a questão do IPTU. Como, diante disso, formulei o art.81. Agora, adiá-lo por 4 Sessões me parece uma dose excessiva.

 Nem encaminho pela Bancada, peço desculpas porque não conheço o pensamento da  Bancada, mas encaminho como Líder que  pediu o art.81.

 Somos contrários a esse Requerimento. Quero ressalvar a minha posição clara. Agora, se circunstâncias outras levarem os Vereadores a decisões, evidentemente, como sempre nos submeteremos ao Plenário. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o Requerimento..

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, confesso que não entendo a preocupação do nobre Líder do PT de fazer a votação desse adiamento, neste momento. Mas, de qualquer forma, o projeto não seria votado hoje, porque antes dele tem o projeto de prevenção de incêndio. Agora, se é para votar,  deveria ter sido votado hoje com todos os Vereadores presentes, a não ser que seja uma manobra no sentido de criar um clima diferente. Com o  IPTU já está tudo decidido e todo mundo está  claro nas suas posições e não tem por que ficar preocupado.

O Ver. Nereu D'Ávila foi correto na solicitação do art. 81, da Lei Orgânica. O Ver. Gerson Almeida, na sexta-feira, fez um requerimento à Mesa - não sei se ela  já o atendeu - para saber o valor do  IPTU na administração João Dib.  Eu já disse aqui que era 82 dólares, em média no primeiro ano, cinqüenta dólares em média no segundo e terceiro anos. Hoje, o PT está cobrando duzentos dólares, em média. Então não tem mais o que perguntar e sim tem que é rejeitar pura e simplesmente.

O projeto ia ganhar uma sessão, tranqüilamente, sem necessidade de votar o adiamento. Eu não estou entendendo esta manobra do nobre Vereador Gerson Almeida da Silva. Então, como eu fico desconfiado,  eu acho que o melhor, numa manobra regimental, é fazer a retirada do quórum e não votar mais nada. Existe a preocupação do Presidente com os prazos, mas acho que nós não devemo-nos submeter, até porque boa parte dos Vereadores já não estão mais presentes. Eu acho que seria uma manobra inteligente, Ver. Nereu D'Ávila, nós retirássemos o quórum. Isso é legal e regimental. Saúde e paz. Muito obrigado.

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR.  PRESIDENTE:  O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Requerimento do Ver. Gerson Almeida  propõe a discussão,  por quatro Sessões,   do Processo nº 3.093/97,  que estabelece a nova planta genérica de valores  para os  imóveis  territoriais e prediais, alterando  a Lei Complementar  nº 07 de 07 de dezembro de 1973,  ou seja, o IPTU. O Ver. Nereu D'Ávila   tinha requerido  que esta matéria  fosse votada  ao regime do art. 81.  Requerido o regime do art. 81, deferido, nós  temos algumas dificuldades para  explicar  para a opinião pública por que  um dia  nós pedimos pressa e no outro nós dilatamos. Antes de ter conhecimento deste fato,  assinei um Requerimento que pede que a Sessão  do dia 19, data em que esta matéria vai  vir à votação, se realize na Vila Restinga, dentro da  Semana da Consciência Negra e da Semana da Restinga. Evidentemente, eu tinha que aprovar esta proposta, até porque fui derrotado no Projeto que estabeleceu  a data na semana da Restinga,  quando  na verdade deveria ser  entre 5 a 12 de novembro.

A Lei  prevê a realização de uma Sessão Ordinária  da Câmara na Vila Restinga. Ver. Luiz Braz,  V. Exa. é um veterano da Casa, eu pergunto: não parecerá  à opinião pública que nós queremos fugir da população da distribuição de senha que o Ver.  Antonio Hohlfeldt  já falou  levando esta votação lá para  a Vila Restinga?  Eu estou em casa  na Vila Restinga, lá eu quero quota extra de ficha para essa Sessão,  quero senha proporcional aos  votos recebidos no bairro, só quero isso. Estou fazendo  este alertamento porque eu não participo  do  bando dos apressados, eu  acho que, para fazer a coisa certa,  até a gente pode fazer mais devagar. Sei que existe  uma situação concreta  que, na próxima quarta-feira e na próxima  sexta-feira,  a Bancada do PT estará desfalcada de dois dos seus integrantes que irão cumprir uma missão da Câmara,  espinhosa, dolorosa, pois estarão no desconforto de estar  num país não tão amigo assim, pelo menos no conceito de alguns.

Tudo isso me deixa autorizado a perguntar:  por que foi escolhido até quarta-feira e não pode ser na segunda-feira que vem?  Então, vão quase que para ficar. Esse é um problema que quero tranqüilamente dizer que não quero embretar de forma nenhuma os companheiros que estão em representação da Câmara, mas por que  essa dilatação por quatro sessões, coincidindo que nesta quarta sessão, inclusive, por outra deliberação, a sessão irá se realizar na Vila Restinga? Tem  o propósito de ser completamente diferente com relação à  decisão que interessa à Cidade como um todo e que diz respeito a essa votação em torno da nova planta de valores?

Quero alertar aos companheiros presentes a esta Casa, responsavelmente -  porque não se retiraram,  podiam tranqüilamente ter-se afastado, retirado o quórum, fugindo da decisão hoje - para essa situação que vamos ter,  com dificuldades, de um lado, de passar para a opinião pública e de outro para  encaminhar este processo importante.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Isaac Ainhorn.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Ver. Isaac Ainhorn: V. Exa. vá patrulhar os seus Companheiros de Bancada. Deixe-me livre porque eu obtive a liberdade de votar de acordo com minha consciência. Não será necessário que alguém determine como devo votar. Votarei como sempre fiz nesta Casa, independente de qualquer tipo de alerta.

De qualquer sorte o aparte anti-regimental do Ver. Isaac Ainhorn só serve para que eu reproduza uma posição minha: sou independente. Não serei patrulhado por ninguém. Pode até ser meu vizinho de sala, mas não serei patrulhado por ninguém. Que cada um vote de acordo como entender que deve votar, independente de qualquer tipo de patrulhamento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Requerimento): Se for possível,  neste momento,  gostaria de requerer a V. Exa. que  seja votado o Requerimento de uma Sessão Ordinária  no dia 19 no Bairro Restinga.

 

O SR. PRESIDENTE: Será votado o seu Requerimento logo após.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o Requerimento do Ver. Gerson Almeida

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vejam bem como o PT quer discutir o IPTU. Ele quer jogar a questão do IPTU  para o dia 19. Só que vai ser votado um Requerimento para que no dia 19 esta Câmara se desloque até a Restinga. Então, não vamos votar o IPTU no dia 19. Isto significa que a questão do IPTU vai ficar bem próxima da questão do Orçamento e aí nós vamos votar o total do Orçamento e não vamos poder discutir o IPTU, porque para o PT não interessa esse negócio. Ele está majorando impostos. Eu vi os Vereadores do PT hoje, desfilando nesta tribuna, acusando o Governo Federal de majorar impostos. E o que o PT faz? Ele majora os impostos que pode majorar. Nós temos o ISSQN mais caro do Brasil, quase todas as atividades, 5%; nós temos um dos IPTU mais caros do Brasil, representando hoje 13% e o PT quer que represente 15%.

E nós vamos ficar aqui adiando essa discussão? Vamos ficar a reboque do PT? Fazendo tudo o que o PT quer? Por que isso? Eu quero discutir o IPTU, quero começar essa discussão. Eu não digo que nós vamos precisar votar exatamente no mesmo dia, podemos votar na quarta-feira ou na sexta-feira, mas eu quero começar a discussão. Qual é o medo do PT em começar essa discussão? Qual é o medo de falar com a população a respeito dessa majoração de impostos? Nós da bancada do PTB já tomamos uma posição e essa posição já foi divulgada para a população. Portanto, não queremos nenhum adiamento.

Queremos discutir o IPTU e expressarmos aquilo que já é uma resolução de bancada, que é exatamente o voto contrário à majoração do IPTU. O orçamento só pode ser votado até o dia 30 de novembro e  já estamos no final do dia 10. Nós temos, praticamente, meio mês para votarmos todo o Orçamento. Meio mês! E a questão do IPTU, que é uma questão crucial, o PT não quer discutir. Ele quer jogar para perto do dia 30 para não discutir. E nós estamos, na verdade, seguindo a reboque do PT.

O que nós devemos fazer hoje, aqui, é retirarmos o quórum,  porque,  senão o PT vai ganhar a votação desse Requerimento. Nós temos que retirar o quórum para deixarmos que tudo isso fique para quarta-feira. Aí, quarta-feira,  com o quórum completo aqui neste plenário vamos realmente fazer uma disputa política. Nós queremos votar! Nós queremos votar o IPTU, nós queremos discutir o IPTU e o PT não quer. Então, vamos deixar para quarta-feira com o plenário completo, com todas as bancadas aqui e vamos fazer essa disputa política. É uma disputa política. Não podemos esconder.

Hoje eu conclamo os Vereadores que não sejam do PT para que nós possamos nos retirar do plenário, a fim de que essa votação não favoreça aos interesses petistas. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. A Mesa quer propor aos seus Vereadores. Há um Requerimento, sem influir nesse. Só para que a Mesa possa tomar providências urgentíssimas. Não houve tempo de discutir na última reunião de mesa, nós pedimos a anuência de vários Vereadores de liderança e, principalmente, dos membros da Mesa para liberar a nossa assessoria para organizar a Sessão Ordinária solicitada pela comunidade negra e pela comunidade da Restinga. Então, nós queremos liberar a Mesa para que providencie essa situação. Independente de votar o Requerimento de ter ou não ter condições. Mas nós vamos votar, primeiro, esse Requerimento para, depois, votar o do Ver. Guilherme Barbosa.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Este Vereador,  da bancada do PTB,  já assinou o Requerimento do Ver. Gerson Almeida, concordando com a sessão na Restinga. Nós vamos votar quarta-feira que vem a favor desta sessão que será realizada na Restinga. O que eu conclamo aos Vereadores é para que nós retiremos o quórum hoje.

 

O SR. GERSON ALMEIDA  (Questão de Ordem): Só para que fique claro ao Plenário,  em nenhum momento, a conjunção das propostas do dia 19, quarta-feira, é para cair na 4ª Sessão de adiamento do IPTU. Nós queremos, em nome da Bancada do PT, assumir o compromisso público. Se houver alguma dificuldade para as Bancadas votarem na quarta-feira que vem, na Sessão da Restinga, o IPTU, de nossa parte não haverá nenhum óbice em que ela seja feita outro dia, nós não queremos nenhum constrangimento. Para nós também não tem nenhum problema em que seja lá a votação, só quero deixar claro para que uma coisa não perturbe a outra.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Gerson Almeida. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) Não há quórum.

Está encerrada a Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h03min.)

 

* * * * *